Por Francisco Campos de Amorim

O III Festival Internacional do Choro reuniu artistas de diferentes gerações numa grande celebração da música brasileira.
Do dia 22 ao 27 de abril, milhares de “chorões” do país inteiro visitaram diversos pontos do centro de Niterói para prestigiar o evento gratuitamente. Os espaços ofereciam oficinas de música, shows, exposição e área gastronômica. A mistura de gerações, a alegria de apreciar o choro e o apreço pela conservação da cultura nacional marcaram a festa, que se consagra por mais um ano como um dos mais importantes eventos culturais da cidade.
O evento foi organizado pela Fundação de Arte de Niterói (FAN) e contou com artistas renomados, como Silvério Pontes, Leila Pinheiro, Hamilton de Holanda e Naomi Kumamoto. Além de contar com um elenco enriquecidopor músicos consagrados, o Festival cumpriu um papel importante na inclusão de novos músicos ao cenário do choro. Logo na abertura da festa foram realizadas oficinas gratuitas para músicos de nível intermediário. A iniciativa, segundo Silvério Pontes, músico e curador do evento, tinha como um dos objetivos conquistar um público joveme pouco acostumado com o gênero.
“A gente precisa mostrar pra essa juventude que o choro é a base da música brasileira, que quem estuda choro vai ter base pra tocar qualquer música. Por isso a gente tá ministrando essas oficinas: objetivo é trazer a juventude que toca música, não importa se é muito ou menos popular, mas trazer essa garotada pra ter a base dentro do choro.”, afirmou Silvério.
Ainda em trecho da entrevista, Silvério Pontes comenta que o choro é pouco contemplado pela mídia tradicional e pelas rádios mais populares, o que exige um senso de união entre os profissionais do gênero pra conseguir atenção de órgãos governamentais. Em Niterói houve resultados recentes: o governo da cidade adotou o dia 23 de abril como o dia nacional do Choro.
O choro cresce através de eventos como esse, que possibilitam a conexão entre artistas e públicos de diferentes regiões através da paixão musical. Essa é a história da carreira de Naomi Kumamoto, uma das atrações internacionais do festival, que veio do Japão para o Brasil pra viver do choro.
“O choro foi literalmente tudo na minha mudança. Foi uma paixão que veio na primeira vez que eu escutei, através do disco do Altamiro Carrilho.”
Para Aline Menezes, produtora executiva do Festival, a terceira edição teve excelente adesão do público, reforçando as relações entre o choro e Niterói. A cidade, que há décadas cultiva uma forte tradição de rodas de choro pelas ruas e botecos, vai se firmando cada vez mais como um dos pilares do gênero no país.