Estudantes com deficiência encontram dificuldades ao se deslocarem de um ponto para o outro no Campus Gragoatá
Por Valcinei Alves
Não basta a universidade acolher e ter uma vista de se admirar, se infelizmente muitas estruturas ainda não são viáveis a todos os estudantes. Estradas com paralelepípedos, elevadores que necessitam de manutenção, locais com iluminação escassa: tudo isso dificulta e muito o deslocamento de pessoas com deficiência. Ainda que a infraestrutura da UFF esteja preparada para atender boa parte da classe estudantil, a carência e até a precariedade de alguns núcleos estruturais têm prejudicado não apenas esse grupo de discentes, mas também têm afetado a locomoção da classe geral de estudantes. Ao refletir sobre isso, é plausível dizer que a UFF ainda tem muito a melhorar em seu modelo atual.
Sob esse viés, apesar da universidade contar com um amplo espaço de socialização, com diversos blocos, áreas apropriadas para o lazer e, diga-se de passagem, uma bela vista para o mar, ainda é pouco eficaz ao elaborar estratégias para facilitar a locomoção de estudantes com deficiência, sendo refém de estradas mal iluminadas, cheias de paralelepídos e buracos, o que torna inacessível transitar sem cair ou tropeçar pelas diferentes rotas da instituição.
Rayssa Cristina, estudante de Publicidade e Propaganda da UFF, expressou sua insatisfação: “O Campus Gragoatá tem muitos pontos a serem melhorados. Trechos sem iluminação… eu mesma já quase caí. Ruas sem guias para pessoas com baixa ou nenhuma visão; precisa de mais rampas de acesso para cadeirantes…”. A discente ressalta também que uma das maiores dificuldades que ela enfrenta em relação à locomoção pelo campus é a chuva, pois a chuva tornaria o trajeto propício a acidentes para cadeirantes, pessoas que façam uso de muletas e/ou com baixa visibilidade. Lívia Jim Ferreira, Diretora de Negritude do DCE e integrante do “Movimento Correnteza” também expôs sua indignação: “O caminho para o novo IACS escancara a falta de acessibilidade, já que o caminho por trás da biblioteca é feito de um piso de difícil locomoção para pessoas com problema na mobilidade e o caminho por dentro do campus também não é cimentado. Ambos não possuem piso tátil.”
Para além disso, lamentavelmente, os elevadores do instituto nem sempre estão funcionando. Torna-se, então, inconcebível para um discente com deficiência deslocar-se até a sala de aula. Lívia Jim Ferreira opinou sobre o assunto: “O problema de acessibilidade da UFF é grande, vai desde a falta de caminho para estudantes com baixa mobilidade, o chão de pedras pouco acessível, a falta de elevadores nos prédios e de cadeiras adaptadas, além da falta de intérpretes de libras. Os estudantes PCD da UFF reclamam também da falta de materiais adaptados para eles”. A estudante Rayssa acrescentou dizendo: “…não subo escadas, mas os elevadores estão sempre com defeito. Por que um aluno com dificuldade de locomoção vai estudar no segundo andar? São pontos simples de serem mudados e que podem melhorar a acessibilidade para todos, isso inclui mais sinalizações, marcações e guias para os estudantes.”
Esses e outros problemas de infraestrutura têm sido apontados como consequência direta, não de uma falta de esforço coletivo ou de uma má administração, mas de um significativo corte de verbas por parte do Governo Federal em relação às universidades federais. Uma matéria publicada no dia 22 de abril deste ano no site “Gazeta do Povo” estipula que o orçamento para as faculdades federais teve um corte de aproximadamente 7 milhões de reais, o que teria afetado diretamente os investimentos na infraestrutura básica da UFF e demais instituições.
Espera-se que o governo, juntamente aos administradores da universidade, cumpram seu papel e que tudo isso possa ser resolvido brevemente para que, dessa forma, a UFF e todos os seus associados e contribuintes possam garantir um ambiente mais seguro e acessível a todos os estudantes, especialmente, aqueles que estão em situação de mais vulnerabilidade e necessidade.