Alô, Gragoatá!

Como a cultura de fãs de K-pop se manifesta na UFF?

O gênero musical que dominou o mundo tem fãs espalhados pela Universidade Federal Fluminense.

Por: Luiz Miguel Monteiro

O K-pop é um gênero musical com origem na Coreia do Sul que abrange toda a música popular coreana, possuindo grandes influências de outros gêneros como o pop, hip-hop e eletrônica. O estilo é culturalmente celebrado por suas performances extravagantes, personalidades marcantes dos idols e por sua capacidade de unir o som e a imagem em uma experiência única. Nos últimos anos, o K-pop foi capaz de ultrapassar todos os limites territoriais sul-coreanos e ingressar em uma vasta expansão global, deixando a sua marca como fenômeno cultural e conquistando diversos fãs ao redor do mundo – fãs estes que também vêm deixando a sua marca aqui na UFF. Afinal, quem utiliza as escadas do Bloco P, aqui do campus Gragoatá, já se familiarizou com as diversas declarações de fãs a ídolos de K-pop ao longo do caminho.

 Fãs se declaram à ídolos de K-pop nas paredes do Bloco P, no Campus Gragoatá. (Foto: Alô Gragoatá)

Observando a vestimenta dos estudantes da UFF, podemos notar a grande presença de roupas e acessórios que fazem referência a diversos elementos da cultura popular, e o K-pop não é uma exceção. Como parte do panorama social da UFF, diversos fãs de K-pop assumem o seu interesse e marcam presença constante no campus, manifestando isso por meio da moda. Essa forma de expressão, em que os ídolos ultrapassam o imaginário cultural desses jovens e se tornam parte de seus guarda-roupas, possibilita um processo de identificação mútua, permitindo que fãs se localizem entre si.

O filósofo norte-americano Henry Jenkins define fãs como “pessoas inspiradas por histórias que circulam através da mídia de massa, que pegam elementos dessas histórias e os usam como material bruto para sua própria expressão criativa, e que se aproximam devido à sua devoção a esses materiais culturais ricos.” O ambiente universitário, caracterizado por relações interpessoais entre estudantes, é definitivamente propício à esse tipo de aproximações entre fãs evidenciado por Jenkins e comprovado pelas amigas Ana Júlia e Bruna, estudantes do curso de Letras aqui na UFF:  “Felizmente (o K-pop) me fez ter muitas amizades, como a dela [Bruna], me faz conhecer novas coisas, novas pessoas, é bem legal”, relata Ana Júlia, entrevistada pelo Alô Gragoatá: “Se eu falar alguma coisa com ela, [Bruna] ela vai entender o que eu tô falando, ela entende as minhas obsessões, é muito bom ter alguém assim.”

Acerca das relações de amizade proporcionadas ao se ter o K-pop como um interesse em comum, Bruna continua: “É muito bom, porque eu sinto que eu tenho amigos. […] Porque você tá com pessoas parecidas com você, e traz esse sentimento acolhedor, sabe? De que eu posso fazer piadas e as pessoas vão entender as minhas piadas.”

Natália, estudante do curso de Psicologia, também possui experiência semelhante: “Eu fui fazendo amigos por conta do K-pop, é uma coisa que falo muito com os meus amigos, mesmo os que não são fãs.” Para Natália, encontrar pessoas que compartilham dos mesmos gostos é importante para a formação de uma rede de relacionamentos no ambiente acadêmico: “Pra você poder ter um certo apoio nos seus gostos, conseguir falar sobre isso, sair junto pra fazer coisas, festas de K-pop e tudo mais.” 

“No momento, eu gosto muito do Stray Kids (…)  o fato deles produzirem e escreverem as próprias músicas e falarem sobre algo bem pessoal da vida deles de vez em quando, eu acho que isso conversa bem comigo.” conta Natália, mostrando o seu ‘photocard’, item colecionável popular entre os fãs de K-pop e sua pelúcia do Stray Kids. (Foto: Alô Gragoatá/Natália)

Em agosto, o grupo de K-pop NXT se apresentou no Centro Cultural da UFF, com dois shows que tiveram os seus ingressos esgotados em menos de uma hora. Esse evento é mais uma demonstração de como o K-pop vem ampliando a gama de manifestações culturais presentes na universidade e deixando sua marca na vida acadêmica e social da UFF. Evidenciando a força da cultura de fãs no dia-a-dia do corpo discente, essa expansão cria um ambiente propício a novas formas de expressão, cordial no que diz respeito às novas relações de convivência e benéfico aos estudantes ao formar um espaço acolhedor à uma vasta diversidade cultural.

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