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Niterói, a terra de campeões: Atleta tupiniquim já consagrado, com história de superação, inspira a nova safra de jovens atletas que buscam viver do esporte e alcançar as Olimpíadas.

Por Eduardo Hasbani

As terras tupiniquins são um grande celeiro de atletas olímpicos e paralímpicos que já se consagraram como grandes campeões no cenário nacional e internacional, representando a seleção brasileira em todo o mundo.

Entretanto, muitos desses atletas da cidade de Niterói ainda são pouco conhecidos e valorizados pelos cidadãos. Historicamente, temos atletas como Clodoaldo Silva, Yagonny Souza e Martine Grael. Mas o atleta escolhido que inspira jovens estudantes de Niterói e que, por consequência, vamos conhecer um pouco da história, é o atleta paralímpico Pedro Neves.

Pedro neves, atleta de ParaTaekwondo da seleção brasileira – Foto: Pedro Neves

Em conversa com Pedro Neves, o paratleta confirmou-me a sua história e todas as suas lutas passadas e as do presente. Nasceu e foi criado em Niterói, mais precisamente no Morro do Cavalão, uma das principais comunidades de Niterói que liga Icaraí a São Francisco. Pedro, quando veio ao mundo, teve complicações no parto e acabou sofrendo uma paralisia no lado direito do corpo, resultando numa deficiência. Aos 2 anos de vida, perdeu sua mãe. No entanto, mesmo com todas as dificuldades estruturais e sociais, a superação e a luta foram ainda maiores. Mesmo muito jovem, ele já entendia que não tinha muito e ajudava sua tia como podia em casa. No início da carreira, adentrou num projeto da Associação Niteroiense dos deficientes físicos ( ANDEF ) sendo inserido ao atletismo. Pedro se deparou com a primeira barreira como paratleta Niteroiense, a falta de incentivo, entre outras incertezas, mas mesmo assim seguiu em frente e com muita luta e dedicação, o improvável em sua trajetória era certo! Pedro Neves acreditou em seu potencial e seguiu em frente enfrentando todas as dificuldades sociais, estruturais e culturais, e foi campeão no salto em distância no Parapan em Toronto, no Canadá, em 2015, se tornando o melhor saltador da América.

Nos dias de hoje, Pedro Neves migrou para o parataekwondo, esporte no qual foi campeão brasileiro em 2021, e representou o Brasil no mundial na Turquia, na cidade de Istambul. Pedro vem viajando o mundo levando o Brasil no peito e sempre representando o morro do Cavalão, comunidade onde se criou. Em 2022, Pedro participou do Grand Prix da Inglaterra, onde subiu ao pódio e conquistou a medalha de Bronze. Já em 2023, no último ano do ciclo olímpico, Pedro foi mais longe em busca da vaga para os Jogos Paralímpicos de 2024 em Paris. Dessa vez, ele foi para o outro lado do mundo, na Coreia do Sul, e mais uma vez subiu ao pódio conquistando a medalha de Bronze no Open de ParaTaekwondo. Em seguida, foi ao México e mais uma vez subiu ao pódio do Grand Prix conquistando a medalha de Prata. Pensa que é o bastante? Devido às suas conquistas, conseguiu se classificar para os Jogos Pan-Americanos mais uma vez, no ParaTaekwondo, e não é que ele subiu mais uma vez no pódio conquistando a medalha de Bronze, e chegando a sétima colocação do Ranking mundial, feito histórico para o Brasil e para um Niteroiense. Pedro ainda busca uma vaga para os jogos Paralímpicos de Paris 2024.

A dificuldade que Pedro enfrenta até hoje é a falta de visibilidade e patrocínio. Atualmente, morando em São Paulo, ele está em busca de melhorias na estrutura para representar o Brasil nas próximas competições.

A história de Pedro motiva diversos jovens atletas em Niterói e deve ser amplamente divulgada e respeitada. Uma das pessoas que se inspiram no atleta é Maria Eduarda de Andrade.

Maria eduarda, atleta de Judô da UFF – Foto: Rafael “O humildão”

Maria Eduarda é estudante de jornalismo da Universidade Federal Fluminense (UFF) e, além disso, é atleta de artes marciais, o Judô e o Jiu Jitsu. Em uma entrevista, ela respondeu a algumas perguntas referentes ao esporte e à sua história no esporte e a importância de relatos como de Pedro Neves para atletas como ela se inspirarem.

Maria treina desde muito pequena e conta que sempre foi muito difícil a sua trajetória no esporte. Muitos olhavam com certa estranheza por ter escolhido as artes marciais e por ser mulher. Além disso, ela percebeu que, ao crescer praticando o esporte, não havia tanto suporte como em outros esportes mais populares, tais quais futebol e vôlei.

Perguntada também sobre a distância de sua casa aos treinos e como faz para contornar essa situação, a jovem estudante responde: “É algo exaustivo e até mesmo perigoso pelas altas horas em que acaba o treino. Entretanto, o elemento principal para vencer essas adversidades é o amor pelo esporte e a vontade de vencer, assim como Pedro Neves”. Ela também afirma que não há incentivo suficiente na cidade e poucas oportunidades que sejam públicas e de acesso facilitado para todos, o que elitiza o esporte.

Ela concluiu: “Ver a história de superação do Pedro é quase impossível não se inspirar. Afinal, ele também saía de muito longe para poder treinar, viveu com a constante falta de patrocínios e estrutura para competir e viajar. No entanto, mostrou que com determinação e garra, qualquer um pode chegar lá.” Dessa forma, a valorização diária de atletas que passaram pelas mesmas dificuldades em Niterói é de suma importância, não só para mostrar que a cidade forma atletas, mas também para inspirar o amanhã.

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