”É um dinheiro que favorece o status quo, não favorece a população de classe média…” – frase dita pelo professor Thiago Corrêa, entrevistado da matéria
Entre certezas e incertezas, os moradores da Cidade Sorriso expõem sua visão sobre a candidatura conjunta entre Rio e Niterói para o Pan-Americano de 2031.
Por Leonardo Galvão

O otimismo paira sobre as autoridades da cidade de Niterói acerca da vitória da candidatura para os jogos Pan-Americanos que serão disputados em 2031. Em apresentação aos responsáveis da Panam Sports em Miami nos EUA, as delegações de Rio-Niterói e Assunção, capital paraguaia que também concorre na disputa da escolha de sedes, expuseram os principais pontos em defesa da escolha como local do principal torneio poliesportivo da América do Sul.
A delegação brasileira focou principalmente nas questões econômicas, a saúde financeira das duas cidades fluminenses pesa a favor, além do vice-prefeito do Rio de Janeiro afirmar que a experiência dos grandes eventos sediados pela cidade e os benefícios trazidos após esses eventos serem motivos para os votantes escolherem a candidatura.
6725 Km de Miami, a população niteroiense foca também em alguns pontos ao expor sua visão sobre toda a questão dos possíveis jogos na cidade. Entre esses pontos, a questão econômica, tão citada pela delegação do comitê, é a mais falada entre os que vivem em Niterói.
O professor Thiago Corrêa, ao ser perguntado sobre sua opinião, foi enfático na discordância da realização do Pan-Americano: “Eu discordo, eu fui assaltado a uma quadra de casa na Praia de Icaraí na Páscoa, não tem uma guarda municipal na praia, uma sequer.”
Ao ser questionado se o que o incomodava em Niterói sediar os jogos era a segurança, Thiago afirma: “Eu não vejo que a questão seja de segurança, eu vejo que a questão seja de prioridade na execução orçamentária. O orçamento é um só e ser político é saber decidir em qual área se vai investir o orçamento, é um assunto de dinheiro (…)”
O professor cita a questão da infraestrutura, mas prossegue citando segurança e economia: “Penso que a decisão política é muito equivocada, de que adianta estradas se nas esquinas das nossas casas a gente não pode caminhar? É um dinheiro que favorece o status quo, não favorece a população de classe média. “. Thiago continua expondo sua insatisfação: “Vai investir muito esse dinheiro nosso, dos contribuintes, vai para as empreiteiras, para as empresas sempre dos amigos e dos parentes ou dos conhecidos.”
Se por um lado alguns tem opiniões fortes e estão a par do assunto, outra parte da sociedade niteroiense parece estar alheio das notícias envolvendo os jogos, esse é o caso do estudante de direito André.
André ao ser perguntado sua visão sobre o Pan-Americano responde sucintamente que não entende nada sobre esporte, e só depois de ser contextualizado emite sua opinião: “É bem positivo, questão de infraestrutura, de poder chegar, né? A linha do metrô para o Rio de Janeiro, pô, facilitaria muito a vida de muita gente. Enfim, essas obras são sempre bem-vindas.”
O presidente Lula no dia 24 de janeiro, assinou uma carta em apoio ao Pan, se encontrou com prefeitos das duas cidades, e se comprometeu em apoiar financeiramente e na infraestrutura para sua realização: “A República Federativa do Brasil, além de garantir financeiramente, assegura que todas as estruturas de sua administração trabalharão intensamente para organizar, promover, realizar e celebrar os XXI Jogos Pan-Americanos 2031”, afirmou Lula.
A escolha da sede do Pan-Americano de 2031 ocorre em outubro, depois do adiamento da data anteriormente marcada para agosto, e o otimismo segue, pelo menos nas autoridades federais, municipais, governamentais e na delegação brasileira. Na população, entretanto, parece que o assunto‘Pan-Americano’ não está no pódio de suas preocupações.