Alô, Gragoatá!

GEPAR: o projeto social que leva ajuda e esperança às crianças em vulnerabilidade social, em Niterói

Por: Sofia Tarré

Segundo dados da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, ao final do ano de 2022 mais de duas mil crianças de até 3 anos ainda aguardavam uma vaga em creches no município de Niterói. Em contrapartida, o projeto GEPAR (Grupo de Estudo e Pesquisa Allan Kardec) vem transformando vidas desde 1991 oferecendo suporte a crianças, adolescentes e suas famílias em situação de vulnerabilidade social nas comunidades do Cafubá e regiões adjacentes, principalmente através da educação. Com um trabalho incansável que abrange aprendizagem, esporte, cultura e apoio psicossocial, o GEPAR busca criar oportunidades para aqueles que enfrentam desafios diários de exclusão e desigualdade.

Foto: Sofia Tarré

As estatísticas sobre crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social no Brasil são alarmantes. Segundo dados do UNICEF, cerca de 17 milhões de crianças e adolescentes vivem abaixo da linha da pobreza no país. Esse cenário se reflete na comunidade do Cafubá, onde o GEPAR atua há mais de três décadas. Em um contexto onde o abandono escolar, a violência e a falta de acesso a recursos básicos são realidades frequentes, o GEPAR se torna um espaço de possibilidades, inspirando novos caminhos e vivências.

Desde sua fundação, o GEPAR se compromete com um atendimento integral e humanizado. A instituição mantém uma creche comunitária, o “Meimei”, que atende 100 crianças em tempo integral, oferecendo um ambiente seguro e estimulante enquanto seus pais trabalham. Além disso, o projeto “Oficina Mário Barbosa” atende 80 crianças no contraturno escolar, proporcionando atividades educativas, esportivas e culturais que preenchem o vazio deixado pela ausência de oportunidades em suas casas.

Foto: Sofia Tarré

Juliana, assistente social que atua no projeto há dois anos, descreve a importância do GEPAR para essas famílias: “Assim que as crianças entram na escola, passam a ficar nesses locais em horário parcial. Então, essas crianças acabam por não ter onde ficar após a aula, visto que os pais trabalham. Aí, ficam sozinhos em casa, ou ficam na rua. Então esse espaço, acaba sendo de acolhimento dessas crianças. No contraturno oferecemos café da manhã e lanche da tarde, e oferecemos atividades diversas, todas de cunho explicativo, esportivo, cultural. Não é uma educação formal como na escola, são atividades lúdicas e criativas, com o intuito de desenvolver outras habilidades. Então, temos oficinas como judô, capoeira, informática.”

Foto: Sofia Tarré

Para Franklin, de 8 anos, o GEPAR foi o primeiro contato com o esporte. “Aprendi a me defender e a lutar com capoeira e judô”, conta o menino, que sonha em ser motorista de Uber. Para ele, o projeto é importante porque o tira da ociosidade e permite que sua mãe trabalhe em paz. “Aqui a gente se sente mais feliz, menos entediado”, diz ele, ao ressaltar sua animação com as aulas de música, onde já toca flauta e pretende aprender a tocar trompa.

Fernanda, de 9 anos, sonha em ser juíza ou advogada para combater a injustiça. Ela encontrou no GEPAR um espaço de aprendizagem e convivência, onde desenvolveu habilidades em judô e informática. “O projeto ajuda minha mãe, que trabalha e não tem como ficar vigiando a gente. Aqui, a gente aprende várias coisas novas”, explica. As atividades educativas, como as aulas sobre meio ambiente, onde as crianças irão visitar a Ilha do Pontal para coletar recicláveis, são especialmente significativas para ela.

Sofia, de 11 anos, sempre quis ser professora de matemática. No GEPAR, ela encontrou um ambiente que não só a acolhe, mas também a estimula a aprender e a fazer novos amigos. “Aqui, a gente aprende a enfrentar o mundo lá fora com educação e sem briga”, afirma. Para ela, o projeto é um espaço onde pode se sentir em casa, longe das telas que tanto dominavam sua vida.

Foto: Sofia Tarré

Embora o GEPAR tenha realizado transformações notáveis, as dificuldades financeiras continuam sendo um grande desafio. Juliana ressalta a importância do apoio de pessoas físicas e jurídicas, além das doações e do bazar mantido pela instituição, para manter o projeto em funcionamento. “A principal dificuldade é a financeira, o levantamento de recursos para que a gente possa ampliar o projeto”, explica.

Além dos problemas financeiros, as famílias atendidas pelo GEPAR enfrentam uma série de desafios sociais. A falta de vagas em creches, o acesso limitado à saúde e a baixa escolaridade que dificulta a entrada no mercado de trabalho são algumas das questões que impactam diretamente essas comunidades. O envolvimento com o tráfico de drogas é outra preocupação constante, e o GEPAR se posiciona como uma barreira protetora para essas crianças.

Foto: Sofia Tarré

Apesar dos obstáculos, o GEPAR continua a formar sonhos. Juliana destaca o impacto positivo do projeto na vida dessas crianças: “O projeto proporciona e apresenta a essas crianças outras realidades, outras perspectivas, porque elas vivem uma realidade muito difícil. O GEPAR é um espaço de possibilidades.”

O projeto “Semear”, por exemplo, distribui legumes e frutas doados por mercados locais. Além de evitar o desperdício de alimentos, garante a segurança alimentar de 180 famílias cadastradas. O GEPAR também promove resenhas socioculturais com jovens de 17 a 21 anos, oferecendo um espaço de debate e crescimento pessoal.

Foto: Sofia Tarré

O GEPAR é mais do que uma organização social; é um ponto de luz em uma realidade muitas vezes sombria. Ao oferecer acolhimento, educação e oportunidades, o projeto não apenas transforma a vida das crianças e adolescentes atendidos, mas também inspira a comunidade a acreditar em um futuro melhor. 

Se você, leitor, deseja ajudar o projeto de alguma forma, seja por doações ou por voluntariado, acesse o site do projeto: https://www.gepar.org.br/ 

Compartilhe:

Share on facebook
Share on whatsapp
Share on twitter
Share on telegram
Share on linkedin

VEJA TAMBÉM

Rolar para cima
Pular para o conteúdo