A cidade de Niterói enfrenta um problema antigo e crescente com sua população de rua, formada por centenas de pessoas que não possuem um lugar fixo para morar.
Por: Jerson Dimello
A cidade de Niterói vive uma grande e antiga questão, os moradores que não tem onde se abrigar. Marginalizados e muitas vezes invisíveis para a sociedade, essas pessoas enfrentam dificuldades que vão desde a violência doméstica até crises econômicas que impactam suas vidas.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), houve um aumento de 38% no número de pessoas em situação de rua entre 2019 e 2022. O Brasil superou a marca de 281 mil moradores de rua. Em Niterói são 740 pessoas registradas no CadÚnico sem residência fixa, dentre esses a maior parte dessa população é do sexo masculino com 86,4% e adultos entre 18 e 59 anos com 93,1%. Esse perfil é bastante semelhante ao visto na estimativa publicada pelo Ipea em que 82% são homens adultos entre 18 e 55 anos.
O professor Pedro Henrique Conceição, da Universidade Federal Fluminense (UFF), destaca que muitos indivíduos estão nas ruas por razões externas como violência e desemprego. “Vivemos numa sociedade patriarcal em que o homem é o “provedor” da família e com isso, a responsabilidade de gerir o dinheiro da família fica com as mulheres que pode explicar um pouco sobre a maioria masculina da população de rua” explica Conceição. “Além disso, o uso de substâncias como álcool e drogas é uma tentativa de escapar temporariamente da dura realidade em que vivem essas pessoas”.
Tratamento da população de rua pelo município
A prefeitura de Niterói através do projeto Zeladoria Urbana leva acolhimento para essa população em ações feitas no município. A assistência social trabalha a humanização e o conhecimento da população de rua que está em uma situação vulnerável, Segundo a prefeitura, desde 2019 o número de vagas de acolhimento ofertadas nas unidades do município cresceu mais de 300% sendo que, Niterói possui entre 70 e 80% da ocupação das mais de 350 vagas nos abrigos da cidade. Atendimento médico, acolhimento, alimentação e outras oportunidades são oferecidas durante as atividades realizadas pela Zeladoria.
A prefeitura ainda disponibiliza uma rede de assistência que conta com o centro especializado de referência para a população de rua (Centro POP), os centros de referência da assistência social (CRAS) nos bairros e as unidades de acolhimento que oferecem quatro refeições por dia, acompanhamento psicossocial e direcionamento para a rede municipal.
A questão dos moradores de rua na cidade de Niterói é complexa e já bem antiga, ao mesmo tempo que a prefeitura faz grandes progressos, a população e os governos estadual e federal precisam se mobilizar para dar oportunidades que melhorem a qualidade de vida e garantam dignidade e esperança para essas pessoas.