Medida da Secretaria de Transportes desagrada população e expõe falhas no planejamento do transporte urbano
Por Pedro Vinícius Leal
A alteração do ponto final das vans intermunicipais que ligam municípios vizinhos a Niterói tem gerado insatisfação entre motoristas e passageiros. Desde a decisão da Secretaria Municipal de Transportes, implementada em janeiro de 2025, os usuários enfrentam dificuldades diárias para chegar ao centro da cidade, onde antes desembarcavam com facilidade.
A nova localização aumentou o trajeto a pé até os pontos de ônibus e áreas comerciais, comprometendo a rotina de quem depende desse modal. “ Antes eu pegava o ônibus, descia no terminal e fazia a integração com a van. Agora eu preciso ir andando até a praça São João e acabo me atrasando para os meus compromissos”, relata Luana Rafael, passageira frequente que se desloca de Maricá a Niterói para estudar.
Motoristas também demonstram frustração com a mudança e afirmam ter perdido passageiros. “Antes, nós parávamos no ponto e tinha muitos passageiros. Rapidamente lotava a van e saíamos do ponto. Agora, o movimento está muito fraco. Eu perdi aproximadamente 30% dos meus clientes por conta da mudança. Na semana passada, eu saí do ponto com 1 passageiro”, conta o motorista da linha 548 (Niterói X Maricá), Valdiney Soarez, profissional do transporte alternativo há mais de 10 anos.
O condutor também destaca o trânsito congestionado para chegar ao novo ponto final. “A Rua Barão do Amazonas está com muito tráfego por conta do aumento de veículos. É uma rua que tem estacionamento e muitos semáforos. Para transitar e chegar ao ponto final ficou muito complicado. Diversos dias a linha está com seus horários atrasados por conta do trânsito desta rua”, afirma, Valdiney.
A Niterói Transporte e Trânsito (Nittrans) defende a alteração como parte de uma política de reordenamento urbano. “Essa alteração dos pontos de embarque e desembarque das vans intermunicipais visa dar mais condições de segurança e acessibilidade para os passageiros que se utilizam deste transporte, facilitando sua circulação pela área central da cidade”, explicou o presidente da Nittrans, Nelson Godá.
Insegurança
A estudante Luana Rafael também aponta a insegurança e a falta de informações como fatores que a desagradou com a troca. “Eu fiquei sabendo da mudança por jornais, porque não havia nenhuma sinalização ou funcionário informando sobre a mudança. Outro ponto é que andar no Centro de Niterói à noite não é tranquilo. E agora passar naquele calçadão deserto até chegar no ponto das vans é muito perigoso”, completa a passageira.
No mesmo período de mudança dos pontos finais dos transportes alternativos, os números de roubo de rua aumentaram em Niterói. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), houve um aumento superior a 22% no primeiro trimestre de 2025, comparado ao mesmo período de 2024. Também de acordo com o Instituto, ocorreram 25% de crescimento nos roubos a transeuntes nos primeiros meses deste ano, além de aumento em mais de 36% nos roubos de celulares.
Segundo o ISP, no primeiro trimestre de 2025, aconteceram 166 casos de roubos de rua no município, sendo janeiro o mês com mais registros; 69 ocorrências.
