Alô, Gragoatá!

Niterói e o concreto: palco desconhecido da arte urbana

O cenário e as dificuldades da produção artística de rua na Cidade Sorriso.

Por Maria Clara Machado

Quem vai à cidade de Niterói procurando por suas belezas naturais ou pelo famoso Museu de Arte Contemporânea, com certeza passa por eles. Os grafites são uma parte do cenário urbano que, muitas vezes, acabam ignorados pelos olhos despercebidos. Desde a descida da ponte Rio-Niterói à Itaipu, os muros são decorados com frases, símbolos e outras diferentes formas de expressão dos artistas de rua.

Foto 1: Grafites no bairro do Barreto

Reprodução: acervo pessoal

É impossível não reparar nas diferentes formas de expressão artística presentes nos muros de Niterói. A cidade é um grande acervo de diferentes tipos de grafite e conta com inúmeros artistas que se destacam no meio, não apenas no município, mas no estado e até no país. Infelizmente, mesmo fazendo parte do dia a dia dos moradores e decorando a paisagem cotidiana, a arte de rua continua à margem da sociedade.

Para Ana Luiza Paiva, estudante de Design e Artes, a facilidade do contato com a arte urbana é o que a torna mais interessante. “Às vezes o grafite é a única forma de arte mais próxima da pessoa e faz com que ela descubra seu interesse por produções artísticas.” Por outro lado, ela pontua também que pintar, pixar ou grafitar muros de avenidas com suas produções dá aos artistas uma certa voz e visibilidade que essas pessoas não teriam em outros ambientes. Por isso, ela destaca a importância de que haja investimento do município na arte.

A cena do grafite niteroiense conta com muitos artistas de destaque. Um dos mais conhecidos, com o nome artístico de Iori, está presente em diferentes muros da cidade. Em entrevista ao Fundamento Graffiti, Iori diz que sua arte tem como objetivo “expressar algo verdadeiro e manifestar através dela o que eu acredito, e que, de alguma forma, toque quem aprecia na rua.” O artista destaca, ainda, que a ida do grafite às galerias de arte seria “uma grande oportunidade de divulgação e crescimento profissional”.

Foto 2: Painel do artista Iori

Reprodução: Site Fundamento Graffiti

A Companhia de Limpeza Urbana de Niterói (CLIN) aponta em seu site que pichar, grafitar, sujar ou manchar edificação ou monumento urbano se insere como crime ambiental, no artigo 65 da Lei 9.605/98. A penalidade para quem é pego pixando é de três meses a um ano de prisão. Para João Lucas, estudante da UFF que grafita e prefere não identificar seu nome artístico, o impasse dos artistas de rua da cidade se encontra na não diferenciação do grafite de outras formas de expressões urbanas (como as pixações). Isso, para ele, marginaliza a arte e impede que ela alcance diferentes ambientes.

Um dos últimos projetos da Secretaria de Cultura que incentivou o grafite em Niterói, o “Arte Na Rua” aconteceu em 2018. No projeto, a Rua José Figueiredo, localizada no centro da cidade, se tornou uma galeria à céu aberto, contando com mais de 40 artistas. Entretanto, depois disso, poucos projetos focados em grafite receberam investimento público e, por isso, muitos artistas ainda vivem à margem, em busca de uma maior visibilidade aos seus trabalhos.

A arte de rua pode não ser valorizada em grandes galerias ou com investimentos municipais, mas, ainda assim, pode ser vista sobrevivendo em diferentes muros da Cidade Sorriso.

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