Abertura do novo espaço de convivência da lanchonete MAIA acentua a carência estrutural da faculdade e afasta os alunos das vendas independentes
Por Maria Fernanda Rosado Gomes Gondim

Lanchonete MAIA – Foto: Fernanda Gondim
A inauguração de um espaço climatizado, limpo e agradável acentuou a falta de infraestrutura da Universidade Federal Fluminense para acolher as necessidades básicas dos alunos, como fazer refeições. A pouca oferta de mesas e cadeiras em condições adequadas para alimentação restringe os alunos que consomem os lanches vendidos por outros alunos a comer em pé ou sentados no chão. Agora, com a inauguração do novo espaço, alguns alunos tendem a abandonar a compra de alimentos do comércio estudantil e migrar para a nova lanchonete, em função da melhor infraestrutura oferecida por ela.
O espaço disponibiliza internet, ambiente climatizado com ar-condicionado, mesas e cadeiras limpas e bem conservadas, boa iluminação, além de oferecer salgados, doces e bebidas variadas a um preço semelhante ou igual a dos outros estabelecimentos do campus.

Lanchonete MAIA – Foto: Fernanda Gondim
Contudo, a queda das vendas independentes representa uma enorme perda para os alunos que dependem das vendas para se manter. A escassez de estágios oferecidos a certos cursos, além da rotina intensa que obriga alguns alunos a ficar na faculdade durante grande parte do dia são alguns dos fatores que tornam o comércio a opção mais plausível ou mesmo a única para se manter financeiramente durante o curso. O valor arrecadado na venda dos lanches, doces e outros artigos contribui para que os alunos arquem com custos básicos como transporte, materiais acadêmicos e até mesmo a própria alimentação, estando diretamente ligada a permanência de milhares de alunos na universidade.

“Sendo bem honesta, a comida daqui é o que menos me importa. Claro que aproveito que já estou aqui pra comer, mas não é minha motivação principal” disse Natalia Oliveira, aluna de arquivologia na UFF, quando perguntada sobre quais motivações a levavam a frequentar o novo espaço de convivência. Continuou: “Sempre venho aqui no intervalo entre as aulas. Carrego meu celular, estudo e às vezes simplesmente venho porque prefiro ficar no ar condicionado sentada em uma cadeira, do que andando enquanto espero a hora da aula começar”.
Além de Natalia, Yasmin Buarque, estudante de Antropologia, também elogiou a comida do estabelecimento mas confessou não ser esse o motivo principal que a faz frequentar o lugar: “aqui tem internet, ar condicionado… venho pra cá porque o lugar é bom e por consequência acabo comendo aqui também.”
As estudantes também falaram sobre como a abertura da lanchonete as distanciou das vendas independentes, “costumava comprar lanche no mesão do IACS, mas além de ser muito longe de tudo, sempre tinha que comer em pé ou às vezes sentar nas escadas, no chão, na grama…” afirmou Natalia sobre o distanciamento.
A Universidade carece de espaços de convivência adequados, afasta os alunos consumidores da compra dos produtos comercializados por outros estudantes e prejudica milhares de alunos que enfrentam dificuldades financeiras e buscam renda extra através da venda de alimentos, contribuindo diretamente para a evasão universitária.