Alô, Gragoatá!

Paralisação das federais: o cenário grevista na UFF

Entenda o estado de greve que atravessa o país e a greve na UFF

Por Ana Luisa Rohem

Foto: Divulgação

Quinta-feira (18), foi deflagrada a Greve dos Docentes da UFF (Universidade Federal Fluminense) em uma assembleia descentralizada que obteve 239 votos a favor da adesão da Greve Nacional e 138 votos para a permanência no estado indicativo de greve sem data. Além da Greve Nacional dos Docentes, a universidade já passava por outras duas: a Greve Nacional dos Técnicos Administrativos e a dos Discentes. As greves, todas em nível nacional, impactam o calendário acadêmico estipulado para 2024 pela própria UFF, calendário este que até o momento não foi paralisado.

Sob essa óptica, por mais que a greve seja benéfica para muitos, ela também pode ser uma antagonista para aqueles que estão na reta final para a conclusão de curso, como é o caso do discente Roberto Malfacini, aluno de jornalismo e diretor geral do DACO (Diretório Acadêmico de Comunicação Social). Por meio do testemunho do estudante, foi possível entender as pautas da greve estudantil com mais clareza, greve esta que está diretamente ligada a greve dos técnicos na qual as duas principais pautas são: o aumento salarial e a volta da progressão de carreira tal como a greve estudantil que também reivindica o reestabelecimento das verbas universitárias, as quais foram cortadas com a aprovação da PEC 32 no governo anterior.

Acerca da greve, Roberto declarou: “A minha opinião é que é uma greve legítima dos servidores, das pessoas. É claro que eu fico meio triste porque meus planos eram de me formar neste ano e eu acho que é um momento muito agridoce. Entendo a importância, mas, ao mesmo tempo, pessoalmente, me afeta… Me deixa chateado, porque eu tenho que recalcular rota, né?!”

O DACO, no coletivo, apoia a decisão conjunta e democrática acerca da greve, apesar dos seus membros terem opiniões divergentes a respeito do assunto.    As greves, com pautas diferentes, conectam-se entre si em algumas reivindicações como: o reestabelecimento de verbas, aumento salarial, plano de carreira e o fim do Novo Ensino Médio. Há pontos conflitantes, mas o fato é que uma greve apoia a outra e todas são um instrumento legítimo. Apesar de todos os fatos supracitados, a opinião acerca da greve ainda divide muitos professores, funcionários e alunos, visto que não existe previsão para o término da paralisação. Os mais otimistas apostam em um mês de greve, enquanto os pessimistas apostam lá pelos quatro meses.

Denise Tavares, professora do IACS (Instituto de Arte e Comunicação Social), também expôs seu ponto de vista no qual declarou que as pautas da greve dos docentes e dos funcionários (por não ter conhecimento das pautas estudantis) são completamente legítimas. No entanto, ela afirmou que não concorda com a forma com a qual as assembleias ocorreram, pois elas não foram capazes de abranger todos os professores e corroborou: “Por último, sem querer me alongar mais, em defesa da posição da AdUFF e ANDES, o fato é que só depois que a greve ganhou espaço na mídia – o que só ocorreu quando os professores começaram a parar, porque a mídia hegemônica ignorou solenemente a greve dos funcionários – as negociações com o governo ganharam alguma robustez. O problema desta “demora” é que mesmo sendo uma proposta aparentemente razoável (ou possível), depois que a greve começa, ela se torna infinita… O resultado será o de sempre: infelizmente a universidade ficará vazia, vazia. Pode até ter algum movimento nas primeiras semanas, mas depois, é só vento e pó. […]”

Embora haja muitas contradições, o cenário político e turbulento que as universidades federais passam é fundamental e, em um país onde a educação não é a prioridade, a greve acaba se tornando uma necessidade e uma realidade.

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