Por Letícia Santos
No Campus Gragoatá, a insegurança se torna uma realidade cada vez mais angustiante para estudantes e funcionários. Com a chegada da noite em torno do Campus da UFF, muitos se veem obrigados a evitar caminhos escuros, impulsionados pelo medo e pela constante ameaça à segurança. A comunidade acadêmica se pergunta: quantas vítimas serão necessárias para que essa preocupação seja finalmente levada a sério? No início do mês de outubro, a comunidade acadêmica da Universidade Federal Fluminense (UFF) foi novamente impactada por uma série de incidentes que destacam a vulnerabilidade e insegurança no campus Gragoatá, em Niterói.
Imagem registrada no Campus Gragoatá, Niterói, 2024
Alunos que frequentam o espaço relatam assaltos e situações de risco, um problema que persiste há anos, mas que recentemente requer novas medidas desegurança. O medo não se restringe apenas às áreas internas da universidade, mas também aos arredores.
Fonte: Pesquisa realizada com estudantes da UFF, Campus Gragoatá, 2024.
Muitos dos incidentes também ocorrem à luz do dia, o que agrava o sentimento de insegurança entre os estudantes. No entanto, a situação é mais crítica no período noturno: de acordo com uma pesquisa realizada entre os dias 12/10/2024 e 14/10/2024, com 69 estudantes da UFF, 97,1% afirmam sentir-se mais vulneráveis durante a noite
Fonte: Pesquisa realizada com estudantes da UFF, Campus Gragoatá, 2024.
Os relatos são chocantes. “Tentativas de assalto na região da Cantareira, um assediador à solta.” Uma estudante que não quis ser identificada comentou: “Já fui perseguida… Já houve tiroteios, denúncias de assédio envolvendo professores e nada foi feito”. A insegurança não é uma novidade para a comunidade acadêmica, e os estudantes apontam que esse problema persiste há muitos anos.
Entrevistamos estudantes para entender melhor a gravidade da situação. Uma estudante de Pedagogia da UFF respondeu de forma categórica quando questionada sobre como se sente em relação à segurança em uma escala de zero a dez, ao redor do campus: “Zero”, disse ela. “Não me sinto nem um pouco segura.” Ela também mencionou a relação problemática entre a comunidade acadêmica e as forças policiais: “A polícia não foi feita pra mim, principalmente na UFF”. Outra estudante do curso de História também compartilhou sua perspectiva sobre a presença da polícia ao sair da UFF. “Eu vejo, de vez em quando, carros de polícia parados em frente ao campus… mas isso não é frequente.” A falta de uma presença policial constante e estruturada no entorno da UFF, principalmente na Avenida Visconde do Rio Branco, no centro de Niterói, é um dos pontos de maior preocupação. Ela sugeriu como possível solução o aumento das rondas policiais na área.
As entrevistas evidenciam, também, a crescente presença de pessoas em situação de rua nas redondezas da universidade. “Quando saí da UFF às 10 da noite, estava cheia de pessoas em situação de rua ao redor”, comentou uma das alunas. Estudantes vêm questionando a efetividade das medidas de segurança adotadas tanto pela administração da UFF quanto pelas autoridades locais. “Há alguns anos, um amigo meu foi espancado e assaltado perto da Cantareira“, revelou uma estudante anônima. Além disso, um levantamento feito exclusivamente para essa reportagem indica que 70% dos alunos não se sentem seguros ao caminhar pelos arredores do campus Gragoatá.
Os estudantes aguardam ações imediatas e efetivas, enquanto também questionam o papel da universidade em garantir a segurança dos frequentadores. Atualmente, a principal medida visível é a presença de seguranças públicas e municipais. No entanto, essa solução é insuficiente, já que grande parte dos incidentes ocorre nas vias públicas ao redor da UFF, fora do alcance das patrulhas.
Existe um esforço contínuo da universidade para lidar com questões de segurança e garantir o bem-estar de sua comunidade, mas a efetividade dessas medidas ainda é debatida entre os estudantes. Entramos em contato com a Prefeitura de Niterói, a Secretaria de Ordem Pública, a Guarda Municipal de Niterói e com a reitoria da UFF mas não obtivemos respostas quanto aos nossos questionamentos sobre a situação da segurança no entorno do campus do Gragoatá até o fechamento desta matéria.
A insegurança no entorno do Campus Gragoatá é uma preocupação crescente, com relatos alarmantes de assaltos que deixam os estudantes inseguros quanto à sua segurança. Demandas como maior policiamento, melhorias na iluminação nas principais vias e instalação de câmeras de segurança são essenciais em áreas de maior risco para proteger a comunidade acadêmica. Até agora, as medidas implementadas, não são suficientes, a ausência de respostas das autoridades agrava a sensação de impotência. A expectativa é que sejam tomadas providências concretas para assegurar um ambiente seguro para todos.