Parceria entre a Prefeitura de Niterói e o Governo do Estado do Rio de Janeiro permite a redução na tarifa paga pelos usuários da Barca.
Por João Felipe Fernandes Braghin
No dia 6 de março de 2025, entrou em vigor a nova medida promovida pela prefeitura de Niterói que reduziu o valor da tarifa da Barca na rota de Charitas em 63,33%. A diminuição de R$21,00 para R$7,70 foi possível graças a um convênio entre a Prefeitura da cidade e o Governo do Estado, que, além de pôr em prática essa medida, também aumentou a frota de catamarãs e instalou ar-condicionado nas embarcações. Após quase três meses de aplicação, os impactos dessa redução já começam a ser percebidos e o debate em relação a sua aplicação continuam presentes na esfera política e social da cidade.
Dados e estatísticas sobre o impacto da nova medida na região
Ainda que a aplicação da política que reduz os custos de utilização das Barcas de Charitas seja recente para a população de Niterói, seus desdobramentos já começaram a ser notados. Além das consequências para a estação, e para os habitantes que à utilizam, também é possível notar mudanças no trânsito local, onde a diferença no volume de carros nas ruas se mostrou presente.
Segundo dados fornecidos pela Assessoria de Comunicação de Niterói, e obtidos pelo Centro de Controles de Operação (CCO NitTrans), por exemplo, uma comparação entre a primeira semana do mês de março e o mesmo período do mês de abril revela uma redução de aproximadamente 6 mil veículos nas ruas no trecho da av. Quintino Bocaiúva, um dos principais trechos que liga São Francisco à Icaraí. A projeção mensal do CCO NitTrans é de uma redução de cerca de 24 mil carros nessa via.
A Assessoria ainda informa que a Prefeitura de Niterói espera uma redução gradativa de veículos nas vias da cidade à medida que a população vá reconhecendo a travessia das Barcas como uma opção mais rápida e vantajosa.
Redução da tarifa sob à ótica da população de Niterói
Principais alvos do barateamento da tarifa das Barcas de Charitas, a população de Niterói e os usuários novos e antigos da rota já começam a notar os efeitos do
mesmo. Desde o aumento no número de pessoas que agora utilizam as embarcações, até a maior facilidade na travessia entre os municípios de Niterói e do Rio de Janeiro, a discussão sobre as novas mudanças corre solta entre os habitantes da cidade.
Para ilustrar essa percepção, foi ouvido um usuário da Barca e ex-morador de Niterói. Daniel Reis, que hoje mora na cidade do Rio de Janeiro, conta: “As Barcas de Charitas são uma ótima opção para quem mora na Região Oceânica e trabalha no Rio de Janeiro, porque você não precisa atravessar a Zona Sul da cidade para poder chegar no Centro e pegar a Barca (da Praça Araribóia)”. Daniel ainda afirma que, para que essa opção seja viável, “o valor da passagem precisa ser um valor acessível para que toda a população consiga utilizar o serviço público sem o aumento efetivo do valor diário que ela paga no transporte público”.
Debate sobre a diminuição da tarifa na esfera política e administrativa da cidade
Ainda que os efeitos da nova mudança na rota de Charitas sejam positivos, e a necessidade de um valor social nas Barcas seja quase que um consenso no ambiente político de Niterói, existem críticas e debates em relação ao caminho traçado para a execução dessa tarifa acessível. O subsídio fornecido pela prefeitura para o barateamento da rota é, provavelmente, a principal razão de discordância quando se trata desse assunto.
Em resumo, uma vez que a estação de Charitas está sob a administração de uma empresa privada, após licitação realizada pelo estado, e uma das exigências desse contrato é a de um preço social para os usuários, a participação da prefeitura nessa redução da tarifa acaba sendo alvo de discussões.
Ao ser ouvido, o Vereador e Vice-Presidente da Comissão Permanente de Urbanismo, Obras, Serviços Públicos, Transportes e Trânsito (CUOSPTT), Daniel Marques, opina: “Não deveria ter subsídio ali (na tarifa das Barcas), porque o estado tem essa obrigação”. De acordo com Daniel, a prefeitura não deveria pagar 2 milhões de reais em “algo que o Estado já deveria fazer”. O Vereador, que luta e se posiciona a favor da diminuição da tarifa e afirma que essa deve ter um valor acessível, entende que a parceria entre Niterói e o Governo do Estado revela uma tentativa da Prefeitura de se apropriar da redução das tarifas, e também questiona a veracidade dos dados apresentados pelo CCO NitTrans, citados anteriormente.