Pavimentação em calçadas do Gragoatá aponta caminhos para uma UFF mais inclusiva, mas ainda há um longo caminho
Por Pedro Paulo de Faria Nunes Xavier

Obras no campus Gragoatá – Fonte: Pedro Paulo
A Universidade Federal Fluminense (UFF) iniciou no segundo semestre de 2023, juntamente à prefeitura, uma revitalização no pavimento das calçadas do campus Gragoatá. Os caminhos de terra, que antes se transformavam em lama em dias chuvosos, já apresentam mudanças positivas após o inicio das obras.
O Gragoatá receberá os necessários caminhos de concreto da entrada principal até a saída da faculdade, pela Av. Visconde do Rio Branco, caminhos esses que diversos frequentadores da instituição fazem uso para chegar ao transporte público. As reformas das calçadas vão até o fim dos muros da universidade, sendo perceptível que a UFF começou a fazer seu papel na luta da busca por um campus mais acessível para todos.
Matheus Silva, estudante de publicidade, possui mobilidade reduzida e compartilhou suas experiências, “Quando chovia e eu precisava ir para casa, minha muleta sempre ficava enterrada na lama, e eu precisava gastar dinheiro com carro particular, pois era exaustivo. Então, quando retornei para as aulas, fiquei aliviado, né? É muito bom ver que a UFF finalmente está avançando nesses termos, ainda que seja pouca coisa, já é algum avanço.”
“E será que realmente se importam conosco?” O futuro publicitário afirma também que, mesmo após as reformas, o acesso e a locomoção pelo campus ainda não está totalmente nos padrões ideais de acessibilidade, pois a falta de postes de luz e de piso tátil comprovam que a instituição não alcançou um padrão de acessibilidade adequado, sendo ainda necessárias muitas reformas no Gragoatá.
Outra aluna, Rafaella Henriques, que estuda relações internacionais e também possui mobilidade reduzida, falou um pouco sobre sua experiência como PCD na UFF. A estudante, que em abril deste ano já havia publicado através de seu próprio perfil no Instagram um desabafo público para a instituição, conta que ainda se encontra na dependência de auxílio para determinadas locomoções pelo campus.

Publicação de Rafaella Henriques
“Pegar ônibus é uma coisa complicada pra mim e fico dependendo o tempo inteiro ou do carro da minha mãe ou do auxílio de amigos para pegar um transporte público… então, é bem difícil andar pela cidade sem ter a mínima confiança no chão a sua frente ou no transporte público, é terrível… Gostaria que, quando alunos PCD chegassem, eles tivessem um acolhimento melhor, feito talvez pela secretaria de acessibilidade e inclusão, pela coordenação do próprio curso ou até por um movimento feito pelos próprios alunos.”
Rafaella conta que foi a partir dessa necessidade de inclusão que criou o seu próprio movimento, “Por uma UFF mais acessível”, o qual reúne alunos com deficiência e aliados do tema para lutar pelos direitos de locomoção e acessibilidade nos arredores da instituição. Saiba mais em https://www.instagram.com/porumauffacessivel/

Obras no Campus Gragoatá – Fonte: Pedro Paulo
A criadora do movimento não para por aí e continua a ressaltar sua angústia sobre a visão pouco inclusiva da instituição, apontando que a pavimentação das calçadas não foi suficiente e que a universidade ainda precisa evoluir muito: “Acho o campus péssimo no quesito acessibilidade, não importa que reforma tenha acontecido, o que importa é que com certeza ela não foi o suficiente”.
Na busca contínua por uma UFF mais inclusiva, as recentes melhorias na pavimentação das estradas e calçadas do campus do Gragoatá representam um passo na direção certa, pois, mesmo que modestas, indicam uma conscientização crescente sobre a importância da acessibilidade e da inclusão de pessoas com deficiência na universidade. Espera-se que a instituição não pare após a conclusão das calçadas e continue trabalhando em prol de um campus mais inclusivo e acessível para todos.