Com a estrutura comprometida, chalé de arquitetura e urbanismo da UFF é interditado, afetando a rotina acadêmica e gerando incertezas sobre o futuro do edifício e dos materiais históricos.
Por Caroline Vitoria Nogueira Bento

No dia 14 de abril de 2025, a Defesa Civil interditou o chalé de arquitetura e urbanismo da UFF, por risco estrutural no telhado. o problema segue há anos, sem ações efetivas da Reitoria e com falta de verbas. Parte do espaço ainda é usada como auditório. A situação compromete o lugar de aula dos alunos e a oficina que funciona parcialmente mas está interditada. O prédio é um patrimônio simbólico para a comunidade acadêmica.
Localizado no bairro de São Domingos, o chalé foi construído a segunda metade do século XIX e remodelado em 1888 pelo portuguêsFrancisco Manuel da Silva Rocha. Originalmente, era uma residência de luxo da família Froes, mas em 1917, o imóvel foi vendido à companhia Western Telegraph, que construiu o casarão como o outroedifício que serviu para alojar funcionários.
Logo após, na década de 1930, os dois edifícios passaram por diversos usos institucionais, incluindo colégio, companhia de melhoramentos de Niterói, e serviços de esgoto. A virada acadêmica veio em 1956, com a chegada da Escola Fluminense de Engenharia. Em1960, os espaços foram incorporados à UFERJ (atual UFF).
Mas em 1970, com a mudança da engenharia, o chalé passou a abrigar o curso de Arquitetura e Urbanismo, oficialmente criado em 1986. O prédio se destaca por sua arquitetura industrial, com estrutura metálica, tijolos maciços e ventilação natural. Em 1978, diante do risco de demolição, foi tombado pelo INEPAC após a mobilização da comunidade acadêmica, garantindo sua preservaçãocomo patrimônio histórico.
Depois disto, em 2011 foi elaborado um projeto de restauração do chalé e em 2016 – 2017, houve umavistoria que apontou danos no telhado e risco de desabamento. Como o espaço se tornou inutilizável,passou a ser usado como deposito de materiais inservíveis. A retirada desses objetos só ocorreu após a mobilização de professores e alunos, que também viabilizaram uma obra emergencial com apoio de parcerias externas, como a Fiocruz.
Durante a pandemia em 2020, o prédio fechado sofreu uma infestação severa de cupins. A UFF contratou um serviço de descupinizaçao, mas muitos materiais foram comprometidos e precisaram ser descartados. Atualmente em 2025, a Defesa Civil interditou parcialmente o chalé por risco estrutural no telhado.

Ainda assim, parte do espaço segue sendo utilizada como auditório. Sem apoio institucional, professores e estudantes criaram uma oficina de restauração, com pequenas melhorias realizadas com recursos próprios ajuda externa como: portas e janelas.

Sobre o chalé, O professor Ronaldo Brilhante, da faculdade de arquitetura e urbanismo da UFF, expressa frustração com a situação: “Quando o imóvel fica parado, ele enfraquece e o ataque dos cupins piora. Isso é o que está acontecendo ali. É triste ver um espaço tão importante ser deixado de lado.”
A estudante e representante do Diretório acadêmico Laura Raimundi, relembra com apreensão do período anterior à interdição: ” A gente deitava no chalé e olhava para cima e falava: “Gente, isso vai cair. “era inseguro, mas também era o nosso espaço, onde a gente convivia, criava e se organizava, Com a transferência de alguns moveis para um lugar improvisado, achamos que não é a mesma sensação para os calouros. Ela fala uma mensagem de encorajamento : o mais importante é não deixar de lutar pelos nossos espaços.
A estudante Isabella Bonzi, que está no 2 período, e relata da mesma forma tristeza ao ver o chalé fechado: “passar na hora do almoço e não ver as pessoas rindo e conversando ali torna o lugar vazio e frio. Parece que apagaram um parte da vivencia acadêmica.”
Portanto, o chalé da Arquitetura vai além de sua estrutura física — é um marco da vida acadêmica e da memória da UFF. Sua interdição reflete o abandono do patrimônio, mas também a resistência de quem luta por espaços dignos. O professor Ronaldo Brilhante acredita que a desinterdição é uma questão de tempo e depende de uma vistoria técnica para avaliar os riscos. Há expectativa de que uma nova vistoria se concretize em breve e esperemos que seja o primeiro passo para a tão necessária restauração e revitalização do chalé. Com isso, esperamos que a UFF possa se mobilizar sobre essa situação, pois é um direito. e ao continuar, pode prejudicar o valor histórico do patrimônio ameaçado e continuar o descaso eminente com a história do chalé.