Por Natália Dantas do Nascimento
Em abril deste ano, o Consórcio Lagoa Itaipu iniciou a obra de desassoreamento e reconstrução dos moles (estruturas de contenção de areia) do canal de Itaipu, na Região Oceânica. O objetivo do projeto, aprovado pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA), é melhorar a circulação de água entre a lagoa e o mar, recuperar o ecossistema local e aumentar a profundidade do canal para até dois metros. Apesar da proposta ser bem recebida por especialistas e parte da população, a intervenção tem gerado impactos significativos no cotidiano de quem vive, trabalha e frequenta a região.
A comunidade pesqueira, tradicional na região de Itaipu, afirma que tem enfrentado dificuldades para manter sua atividade. O posicionamento de máquinas pesadas ao longo do canal tem bloqueado pontos de entrada e saída das embarcações.
Além disso, o comércio local foi extremamente afetado. Os quiosques e bares que cercam o canal relatam esses prejuízos. Parte das áreas externas, com mesas voltadas para o canal, foi isolada com cercas para garantir a segurança da obra, o que reduziu o espaço disponível para os clientes e afetou a circulação.
Em determinada fase da obra, escolas de surf e empreendedores locais que dependem do Canal de Itaipu para a realização de suas atividades precisarão também mover seus projetos para outros locais, devido à presença das máquinas.
“Em uma fase da obra, vou precisar mover minhas aulas para fora do Canal, como Piratininga e Itacoatiara”, afirma a professora de surf Rayza Silveira.
Banhistas também relatam desconforto com a presença da obra, principalmente pela falta de espaço, agora reduzido, para o lazer ao redor do canal. Em dias de maior movimento, como nos fins de semana, o cenário é ainda pior.
“Eu venho com minha mãe idosa todo fim de semana, ela gosta de molhar os pés e sentar perto do canal. Agora, com as máquinas fazendo barulho e a área cercada fica difícil”, afirma Mariana Schuler.
As pessoas entrevistadas também relataram preocupação com a possibilidade de atraso na obra e ainda mais impactos em suas rotinas.
Em nota, a Prefeitura de Niterói confirmou que a obra está licenciada pelo INEA e que o objetivo é melhorar a saúde do ecossistema e devolver qualidade ambiental à Lagoa de Itaipu. A previsão de finalização do projeto é dezembro de 2025.