Por: Pietra Maciel
Em novembro de 2024, após adiamentos, acontecerá a 10ª edição da Copa das Comunidades, que conta com equipes de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Rio Bonito. A primeira partida será realizada no dia 9 de novembro, na Arena de Santa Bárbara, e as equipes, tanto de futebol feminino quanto masculino, já estão se preparando.
O início da disputa pelo troféu de 2024 teve que ser adiado por conta de imprevistos com os jogos da categoria feminina do ano passado. As semifinais da 9ª edição foram marcadas, já com atraso, para o dia 27 de outubro, mas precisaram ser adiadas novamente, devido às chuvas. Apesar disso, a organização do evento confirmou o início da 10ª edição no segundo sábado de novembro (09), às 11 horas da manhã.
A Copa das Comunidades surgiu diante da dificuldade de deslocamento das equipes fluminenses, que antes competiam na Taça das Favelas, até a cidade do Rio. A primeira edição contou com apenas uma categoria, a sub-16 masculina, e foi considerada um sucesso. Por conta disso, as edições seguintes passaram a apresentar equipes do sub-9 até o sub-17, além de duas categorias femininas, a livre e a sub-17.
Imagem de um jogo da 9ª edição dos jogos , retirada do Facebook da Copa das Comunidades.
Os jogos do campeonato são distribuídos por diversos campos, nas quatro cidades participantes. Em Niterói, o Clube Combinado 5 de julho, o Campo do Mineirinho e o Parque Esportivo do Caramujo são alguns dos locais que já receberam partidas em edições anteriores.
A competição é organizada quase inteiramente por uma única pessoa, o chamado Jorge Loirinho. Porém, a realização do evento também depende dos esforços dos organizadores de cada projeto, já que a maioria sobrevive de parcerias e doações.
“Ele [Loirinho] monta toda uma tabela de jogos, com os projetos que vão jogar. Aí nós, que somos de projeto social, temos que começar a nos planejar, arrumar verba para levar as crianças, para dar lanche, para pagar arbitragem, inscrição no campeonato… isso tudo, todos os projetos têm a obrigação de fazer.”, disse Pablo, coordenador de times do Projeto Social Maria Vaz.
A competição deste ano reúne 15 projetos sociais que atuam nas comunidades do Leste Metropolitano do Rio. Dentre eles, está a Escolinha Nova Coruja, de São Gonçalo, que disputará pela primeira vez este ano, nas categorias sub-13 e sub-16. Segundo, Wilton Moura, treinador do time, a Copa é uma ótima oportunidade para que as crianças coloquem em prática o que vem treinando, além de possibilitar maior visibilidade para o trabalho realizado na comunidade.
Dois de seus atletas, Lucas e Kaian, de 12 anos, disseram em entrevista que acreditam na força da equipe para chegar à final e representar o Complexo da Coruja da melhor maneira. Kaian ainda completou, dizendo que o time treina muito durante a semana com foco total na competição.
O presidente do projeto Nova Geração, também de São Gonçalo, conhecido como Nei, acredita que essas iniciativas são importantíssimas na vida das crianças participantes e que o contato com o futebol oferece muito mais do que a possibilidade de se tornar um jogador, pois ajuda os jovens a se tornarem bons cidadãos dentro da comunidade e a terem um emprego. “Não tem presente melhor. O futebol é uma área muito ampla, eu incentivo vários alunos a fazer faculdade de educação física, se tornarem preparador físico, treinador. […] no tempo que tá comigo, não tá pensando besteira.” Ressalta o presidente.
Imagem do treino do Projeto Nova Geração, fornecida pelo presidente.
Durante as entrevistas, um ponto reforçado por grande parte dos participantes foi a importância do esporte gratuito na comunidade e o poder que os projetos têm de afastar essas crianças da criminalidade. O coordenador de times do Projeto Social Maria Vaz, Pablo, expressou sua alegria quando recebeu a notícia de que, após inúmeras tentativas, um aluno, que havia se afastado do projeto e se envolvido com práticas ilegais, retornou seu contato, dizendo que não estava mais associado ao crime.
Por isso, a Copa das Comunidades se torna muito mais do que uma disputa por um troféu e algumas medalhas, cada equipe participante carrega consigo histórias que vão além do futebol e que demonstram claramente o poder da solidariedade em união com o esporte.