Após dez anos de inatividade, o Polo de Moda da Cidade Sorriso se prepara para voltar à vida.
Por: Mariana Godinho
O Polo de Moda de Niterói surgiu há 25 anos, por uma iniciativa da Faculdade Salgado de Oliveira, em parceria com o Sebrae RJ, a Firjan e a Prefeitura de Niterói. Sua criação teve como objetivo principal abrir as portas do mercado de trabalho para os novos produtores têxteis, criando conexões entre eles e empresas do ramo, fazendo com que tivessem visibilidade no meio. Há dez anos o projeto se desmembrou, porém, em 2025, está havendo uma mobilização para fazer com que o Polo de Moda volte às suas atividades.
Foto: Mariana Godinho.
Desde 2014, o Polo se encontra inativo, e as empresas que faziam parte da iniciativa seguiram de forma independente. Um dos fatores para o encerramento do Polo foi o fim do Fashion Rio, um dos principais eventos de moda do Brasil, que acontecia no Rio de Janeiro, que chegou ao fim naquele ano. Marcas, como a Dress To, e estilistas, como Erika Facuri, ambas expoentes do Polo de Moda de Niterói, foram catapultadas pelo evento, ganhando reconhecimento nacional e internacional. Para a estilista e costureira Alzira Andrade, a descontinuidade do evento está fundamentalmente interligado ao fim do projeto: “Foi um prejuízo grande para o mercado carioca, esse ‘tricô’ foi se desfazendo, e cada um ficou por conta própria”.
Dress To é uma marca niteroiense que fez parte do Polo de Moda de Niterói; Foto: Mariana Godinho.
Alzira, que atualmente tem sua marca própria, foi uma das principais idealizadoras do projeto, cerca de 25 anos atrás, e hoje é uma das pessoas que fazem parte da revitalização do Polo de Moda de Niterói. Sua ideia ao criar o Polo foi dar espaço para novos talentos do mundo da moda e gerar mais oportunidades para eles. Para a revitalização, ela continua acreditando que os empreendedores do setor têm um grande potencial no mercado, e defende a utilização da mão de obra niteroiense e brasileira como um dos objetivos do novo polo da Cidade Sorriso: “Esse é o propósito que eu gostaria de levar para o Polo de Niterói: emprego e renda”
“Niterói é um celeiro de artistas, não só na moda, mas em todas as áreas” – Alzira Andrade
A estilista foi convidada pelo Instituto Niemeyer, que está trabalhando na volta do Polo de Moda em parceria com a Prefeitura de Niterói e outros órgãos, para coordenar e prestar consultoria às marcas que farão parte do polo renovado. Thiago Sanderson, representante da instituição, pretende retomar o projeto com foco na economia criativa e na sustentabilidade. De acordo com Thiago, o Instituto Niemeyer entrou no projeto devido à conexão entre os valores da organização e os novos objetivos do Polo, voltados para o consumo consciente e para a geração de empregos: “A gente acaba divulgando esse mercado, que é importante principalmente para a juventude, para a juventude periférica, como porta de entrada para o mercado de trabalho”.
Sobre a revitalização, Thiago Sanderson confirmou que estão ocorrendo reuniões entre parceiros – como o Sebrae e a Universidade Federal Fluminense – e marcas para decidir os rumos do no Polo de Moda niteroiense, mas afirma que é necessário uma colaboração do Município para concretizar o Polo de Moda enquanto indústria e mercado: “Precisa de um debate com o poder público local. A gente [o Polo de Moda] primeiro precisa estar estruturado como instituição e depois avançar nesse debate”.
Sanderson ainda falou que, com as negociações em curso, o Polo de Moda de Niterói está previsto para voltar à ativa ainda em 2025, entre os meses de Abril e Maio deste ano. A expectativa é que o Polo retorne com um viés mais sustentável, tanto socialmente quanto ambientalmente e, como expressa Alzira, englobe todos os niteroienses: “Minha expectativa é que a moda seja acessível a todos, que seja de qualidade e que seja de responsabilidade socioambiental”.
