Alô, Gragoatá!

Espaço Cultural Estação Cantareira – Restauração, Desapropriação e Reconstrução

As “aventuras” que o notório terreno vivenciou com o passar dos anos.

Por: Pedro Briggs

Tudo começa em 1890…
Criado com intuito de ser uma estação de embarque e desembarque das barcas em 1890, a Estação da Cantareira, localizada em São Domingos, teve um tempo de vida curto, após a Revolta da Armada, a Companhia Cantareira faliu e isso fez com que o local passasse por inovações. Em 1906, a Estação virou Estaleiro, sendo utilizado para consertos e reparos das barcas.

Quase meio século depois, o Grupo Carreteiro tomou posse e isso inflamou a insatisfação popular, pois o serviço era de baixo padrão enquanto a tarifa não estava condizente com sua realidade. Com isso, ocorreu a Revolta das Barcas, em maio de 1959, e o Estaleiro e Officina da Cia. da Cantareira foi incendiado, o que resultou na desapropriação do local por parte do Governo Federal. Então os serviços viraram responsabilidade do STBG (Serviço de Transporte da Baía de Guanabara), porém as crises econômicas mudaram os planos, fazendo com que as atividades do Estaleiro fossem parar nas mãos da administração estadual em 1977.

Estação da Cantareira em 1910 – Reprodução: Jornal A Tribuna

A restauração
Com a chegada do ano de 1979, chega também uma nova administração para comandar a Estação da Cantareira, essa administração trata-se da Conerj, a Companhia de Navegação do Estado do Rio de Janeiro, que foi o resultado da reestruturação da antiga STBG. Em 1992, a lei 1.063/92 garantiu o status de tombado à Estação Cantareira. A Conerj teve sua venda para iniciativa privada em 1998, pela Barcas S/A, conhecida atualmente como CCR Barcas, a concessionária das barcas no estado do Rio de Janeiro.

Espaço Cultural Estação Cantareira – Reprodução: Jornal O São Gonçalo

A prefeitura de Niterói obteve a concessão do imóvel, no ano de 1994, com intuito de ser um comodato. O plano era criar um centro de atividades culturais com espaço para grandes eventos de diversos tipos. Após a concessão, o local passou por uma grande restauração a fim de adaptá-lo para tudo que aspirava abrigar e recebeu o nome de Estação Livre Cantareira; dois movimentos importantes na cidade foram oriundos dessa restauração: o Movimento Pop Goiaba e o Arariboia Rock.

O Movimento Pop Goiaba foi criado em 1998 por músicos que passaram boa parte da vida, ou nasceram, em Niterói. O Movimento reivindicou a criação de rádios comunitárias e gratuidade para PCDs em teatros, casas de show e cinemas. Em 2000 fez uma parceria com a Niterói Discos e lançou um CD com 13 faixas, produzido por Cláudio Salles e Geraldo Brandão.

Já o Arariboia Rock é um festival que nasceu em 2005, sendo fruto da mente de Pedro de Luna, jornalista e escritor apaixonado por Rock, formado em Comunicação Social pela UFF. O festival foi homenageado pela Alerj em 2014 e inspirou na criação do Dia Municipal do Rock em Niterói.

Desapropriação
No fim de 2022, o prefeito da cidade de Niterói, Axel Grael assinou o documento que confirma a desapropriação da Estação Cantareira. O imóvel estava em posse de Amaury de Andrade, falecido sócio da CCR Barcas, que comprou a Estação Cantareira em 2013. A venda foi bastante questionada por ter sido realizada em um preço quatro vezes menor do que o valor de avaliação. Com a desapropriação, mais de 20 milhões de reais foram gastos e isso gerou uma denúncia ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro por parte do vereador Paulo Eduardo Gomes do PSOL. O intuito da prefeitura é criar um distrito criativo, intitulado de Cantareira Criativa.

Prefeito Axel Grael assinando desapropriação. Reprodução: Site da prefeitura de Niterói

Reconstrução
A Cantareira Criativa terá o objetivo de ser um local voltado para o entretenimento e lazer, além de abrigar uma escola que capacitará seus alunos para o audiovisual e a gastronomia. Por já ter uma cozinha industrial em suas instalações, a escolha de formar gastrônomos é vista com bons olhos; no caso de formar produtores audiovisuais, a decisão se dá por conta da existência da Faculdade de Cinema da UFF e pelo fato de, futuramente, abrigar o museu do Cinema.

Axel Grael, via assessoria, diz que o objetivo é potencializar o acesso da população às novas tecnologias, fomentar o turismo na região, formar e capacitar mão de obra qualificada e propiciar o surgimento de novos negócios ligados à Economia Criativa.

Os cursos de audiovisual disponibilizados na futura Cantareira Criativa serão de encargo da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), que firmou parceria com a prefeitura de Niterói em março de 2023.

O projeto da Cantareira Criativa não tem previsão de finalização, mas já saiu do papel e possivelmente beneficiará a população de Niterói e turistas em breve.

Foto: Projeto Estação Cantareira

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