Alô, Gragoatá!

O papel das atléticas no ambiente universitário

Como as associações atléticas integram os alunos em meio à rotina de estudos?

Por Gabriela Costa

Ao entrar na Universidade, alunos, em sua maioria jovens, enfrentam um choque de realidade entre o ambiente universitário e o ambiente escolar, antes frequentado. Muito além dos livros e estudos, mantém-se a paixão pelo esporte entre alguns estudantes, que na escola já praticavam alguma modalidade e na faculdade sonham em treinar pela atlética de seu curso.

As atléticas são entidades universitárias que tem como objetivo integrar os estudantes através dos esportes e apesar do bom trabalho já feito, alguns alunos ainda encontram dificuldades para participar. As associações atléticas proporcionam aos alunos o incentivo à prática do esporte, a descoberta de novas habilidades e vivências únicas na vida acadêmica.

Conversando com alunos e atletas da UFF, muito se é falado sobre o papel positivo das atléticas, mas também sobre as dificuldades encontradas ao tentar se inserir nos times. Segundo Breno Borges, coordenador de futsal da atlética de Relações Internacionais da UFF, a atlética é de fundamental importância para os cursos e proporciona aos alunos a criação de laços, momentos e amadurecimento tendo em vista os desafios diários em relação ao núcleo que estão inseridos. Outro aspecto positivo, segundo o aluno Joubert Junior, é a forma que a atlética une diversão e esporte, que serve muitas vezes como válvula de escape para a rotina pesada de estudos e trabalho.

As atléticas são feitas por e para alunos da UFF, e para fazer parte os alunos precisam, na maiorias das vezes, procurar os núcleos de administração de esportes. “Eu achei fácil -virar atleta da UFF-, levando em consideração que a atlética promove momentos de integração dos calouros no trote e informa sobre as possibilidades de participação nos treinos e campeonatos.”, ressaltou a aluna e jogadora de handebol Esther Bessa.

“As pessoas tem uma visão muito errada do que é uma atlética, porque as pessoas pensam que é para quem só quer beber e curtir e não é realidade. A atlética foi feita para o esporte e sua principal finalidade é nível e perfomance esportiva.”, destacou Caio Yunes, diretor de esportes da atlética de Finanças da UFF. Muitos alunos já chegam na UFF com certo preconceito em relação às atléticas, achando que elas focam apenas e festas, farra e bebidas, quando na verdade as festas são um meio de levantar fundos para os times, na compra de material esportivo, pagamento do salário dos técnicos, entre outros. “Atlética é uma coisa muito séria, a gente leva muito a sério o trabalho.”, completou Caio.

Além do esporte, as atléticas são associações que possuem sua própria organização e administração, o que incentiva os alunos a trabalharem e ganharem experiência no meio, seja no financeiro, comercial, marketing, ou outras funções. Experiência essa que pode ajudar muito no mercado de trabalho após formados. O dia-a-dia da organização desafia os alunos a descobrir novas habilidades, solucionar problemas e a busca pela excelência no trabalho que é feito, questões que também serão refeltidas na vida profissional do estudante.

Mesmo com todos os aspectos positivos, a iniciativa do esporte na UFF ainda está longe de ser ideal. Muitos alunos reclamam da falta de suporte necessário e dos horários/ locais de treino, que costumam ser muito cedo ou muito longe, o que dificulta principalmente os estudantes que moram longe do campus. “Eu mudaria a disponibilidade de aceitação para calouros que são de fora de Niterói. Eles pregam que aceitam todo mundo mas os alunos que moram do outro lado da ponte tem muita dificuldade de ser ativo na atlética.”, contou o aluno de jornalismo João Gabriel Rothier, que não conseguiu entrar para as equipes de handebol e judô por conta dos horários dos treinos, que acabam não englobando os estudantes de fora de Niterói.

“A dificuldade maior é conseguir conciliar os horários dos treinos e estudos. (…) Quando se tem treino até quase meia noite e prova na manhã seguinte atrapalha sim.”, pontuou um aluno da UFF que não quis ser identificado. Muitas vezes, os alunos se deparam com dificuldade de conciliar o tão amado esporte com a rotina pesada de estudos, já que alguns treinos acontecem de noite e o alto rendimento é necessário para ter boa perfomance.

Além disso, o nível dos times também pode ser um obstáculo para calouros, já que os veteranos possuem um nível mais avançado acaba que o time requer um grau de conhecimento nas modalidades, entretanto, isso também aumenta o nível dos times e a possibilidade de ganhar campeonatos, além de incentivar que atletas iniciantes busquem ter esse avanço nos treinos.  “A divulgação é muito boa, porém, devido à qualidade dos atletas, alguns calouros ficam frustrados por não serem muito bem recebidos por estarem em um nível abaixo do desejado no time.”, destacou um aluno que preferiu não ser identificado.

Outro grave problema, ressaltado por um estudante anônimo, são alguns grupos montados de alunos já formados no curso que ocupam vagas indevidas, tirando a chance de outros alunos matriculados que tem interesse.

Mesmo com dificulade, as atléticas são instituições muito importantes para a graduação dos jovens uffianos. O atleta Caio ainda ressalta que o esporte só agrega, faz com que você interaja com pessoas ao seu redor, trabalha o convívio social e influencia na competitividade de forma positiva. “Sinto que me faz criar laços dentro da faculdade e me estimula, acaba se tornando uma forma de unir as pessoas do curso e facilita as aulas e a relação entre as turmas”, contou Joubert.

Por serem patrimônio da UFF, as atléticas buscam maior investimento e também procuram maneiras de serem mais inclusivas, marcando horários e locais de treino mais fáceis para que diversos alunos possam participar.

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