Com participação de Inês Brasil, o festival contará com shows, performances, drag queens, voz e violão, além de outras atrações artísticas.
Por Felipe Azevedo
Junho não é apenas um mês comum. É o mês do orgulho LGBTQIAPN+, quando a cultura e a política se cruzam. Em Niterói, o “Orgulhe-se: Festival da Diversidade”, que acontece neste sábado (28), transforma música, performance e talento em ferramentas de resistência que merecem reconhecimento na cultura brasileira.
Organizado pelo Grupo Diversidade Niterói, em parceria com Fiocruz, o evento começa às 16h, na Praça Juscelino Kubitschek. Uma das conquistas da ONG foi trazer o festival para o horário de pico, com lugares de grande circulação para dar mais reconhecimento às pautas da diversidade. “Trazer para o dia é algo importante, pois vai dialogar com a universidade, com o centro de Niterói, naquele caminho do Plaza, onde passam muitas pessoas. A cultura é esse lugar mesmo de diálogo.”, afirma Vinícius Coelho, presidente do grupo.
Além de ser um lugar de acolhimento e afeto, o festival também será um espaço político. “Aproveitamos esses momentos festivos que vão estar drags, voz e violão, série de performance, a gente intercala com falas políticas, pois isso também é importante.”, reflete o presidente. Uma das iniciativas do GDN é dialogar com quem não tem título de eleitor ou está com a documentação irregular.
Os eventos como o Festival da Diversidade são canais para conquistar o seu lugar na cultura e expressar o que você acredita. Ainda assim, há barreiras e desafios para serem superados. O cantor TDouglas destaca a importância dessas iniciativas. “Acho que artistas LGBTQIAPN+ ainda encontram muitas barreiras no cenário musical, artístico e profissional, e festivais como esses são necessários, nos fazem visíveis, nos colocam em posição de destaque e nos reconhecem enquanto artistas, cantores, fazedores culturais.”, afirma TDouglas.
A luta diária por visibilidade de artistas LGBTQIAPN+
O mês do orgulho é um momento simbólico para os artistas da comunidade, como o caso do cantor Igor Sudano, que está com a agenda cheia de shows e festas. Entretanto, ao longo do ano, Sudano tem que correr atrás para ter espaço para cantar. Uma das alternativas foi criar o Festival Camadas do Rock para sempre ter um lugar para tocar, pois não dá para viver sendo somente cantor.
Para Victor Hugo, intérprete da drag queen Zaya, viver da profissão drag no Rio de Janeiro ainda é um desafio. Apesar de a arte drag estar sendo respeitada atualmente, a luta por um retorno financeiro ainda é constante desde o início de sua carreira. “Nós somos chamados para todos e qualquer evento. Agora, a valorização do nosso trabalho em questão financeira é horrível. A gente recebe pouco e gasta muito, e isso não muda.”, expressa o transformista.
Com participação de Inês Brasil e mais de 20 artistas, incluindo a drag Zaya e TDouglas, o “Orgulhe-se: Festival da Diversidade” é um evento de acolhimento, afeto e um convite de mudanças. Para o presidente do GDN, as atividades do grupo sempre partem de uma pergunta central: “vamos aproveitar esse espaço?”, incluindo sempre em lembrar que existe uma luta. “Muitas pessoas tombaram para que a gente pudesse ocupar esses espaços públicos e que isso não é dado.”, declara Vinícius Coelho.