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Chapa 2 “A UFF não se vende” é reeleita no DCE: medidas, críticas e expectativas para o futuro

Por: Guilherme Ribeiro

A Chapa 2 “A UFF não se vende” foi reeleita, no final de 2024, para a presidência do Diretório Central dos Estudantes (DCE), com um discurso focado na continuidade das lutas históricas do movimento estudantil e na implementação de medidas que visam melhorar as condições de vida dos alunos, especialmente nas questões de alimentação e transporte. Ainda assim, a vitória foi acompanhada de questionamentos por parte de chapas adversárias, que trouxeram à tona reflexões sobre o cumprimento de promessas anteriores e a transparência na gestão.

Integrantes da Chapa 2; Foto: instagram @dce_uff.

Após um mandato de 1 ano e meio, tempo prolongado devido à greve que ocorreu no início de 2024, a Chapa 2 foi reeleita para assumir o DCE. A chapa vencedora é composta por cinco movimentos estudantis — Correnteza, União da Juventude Comunista (UJC), Juntos, Equar e Travessia —, que possuem histórico de atuação em lutas nacionais e locais. Embora sejam formados por estudantes da UFF, esses movimentos também atuam em nível nacional, integrando pautas do movimento estudantil voltadas à assistência e à permanência na universidade.

Ana Nicodemos, que atua no setor de comunicação da Chapa 2, destaca que a vitória não foi apenas fruto da eleição, mas da construção cotidiana: “Desde mobilização da greve, ou até mesmo antes da greve, para conquistar o  trancamento especial, ou aprovar as cotas trans junto com a rede trans. Estar no dia-a-dia, isso é o fundamental. É ouvir a demanda e convidar as pessoas também para estar com a gente. Então, desde os CAs [Centros Acadêmicos], os DAs [Diretórios Acadêmicos], até as atléticas, ou até mesmo as empresas júnior”.

Durante o último mandato, a chapa destacou a importância de estar presente nos conselhos acadêmicos e em diálogo com diversas iniciativas da UFF. “Uma das reivindicações que a gente faz é mostrar que estar presente nos conselhos acadêmicos, estar em diálogo com os CAs, estar em diálogo com as atléticas e todas as iniciativas, ou quase todas da UFF, ajuda a gente a ter essa visão do que a gente pode conquistar e o que a gente precisa ainda conquistar ou lutar”, diz Ana. Ela ressalta, ainda, como a participação ativa nesses espaços permite concretizar reivindicações importantes, como a conquista das cotas trans junto com a Rede Trans UFF e a reabertura do bandejão durante a greve. “Então, a gente tem essas conquistas que são boas, mas que a gente sabe que pode muito mais”.

Agora, o foco está em ampliar ações para resolver questões essenciais para a permanência estudantil, como transporte, alimentação e assistência financeira. “Hoje a UFF vive um estado muito crítico da alimentação, desde os polos do interior, que não têm bandejão, não oferecem quentinha, até mesmo na própria UFF em Niterói”, afirma Ana Nicodemos. Além disso, o transporte segue como prioridade: “A ideia é continuar nas lutas pela mobilização do passe livre, que é algo fundamental para a gente que estuda em Niterói e, às vezes, nem mora aqui, mora em outros municípios, e é muito caro”. Ainda sobre mobilidade, a chapa também busca ampliar as rotas do BusUFF e fortalecer os Grupos de Trabalho [GTs] criados durante a greve. 

Em contrapartida, a Chapa 3 “Todos pela UFF”, chapa concorrente também ao DCE, fez duras críticas sobre o último mandato da Chapa 2. Entre as principais críticas foram a falta de compromisso com as questões mais urgentes da universidade e a falta de execução de algumas promessas, como a melhoria na alimentação e a ampliação do acesso aos bandejões, especialmente nos polos do interior. “[…] Há um histórico de promessas não cumpridas. Na eleição passada, prometeram suco no bandejão e melhoria na alimentação para os campi do interior, mas isso nunca se concretizou”, destaca Thainá Luz, integrante da Chapa 3, que também questionou a falta de transparência na prestação de contas da gestão anterior. “Além disso, foi uma péssima prestação de contas, sem especificar os gastos, e sem comprovantes. […] Essa falta de planejamento e transparência compromete a confiança dos estudantes”, afirma.

Do lado dos eleitores, a opinião dos estudantes sobre a reeleição da chapa reflete um misto de reconhecimento e expectativa. João Pedro de Paula, eleitor da Chapa 2, destaca as realizações da gestão anterior: “Nessa última gestão da Chapa 2, eu acho que a chapa conseguiu ajudar a reorganizar o movimento estudantil na universidade. Tiveram várias conquistas importantes. Tem das cotas trans, das obras do PAC, que incluem, por exemplo, moradias estudantis para Volta Redonda, obras na Praia Vermelha, entre vários outros temas”. 

Outro ponto valorizado pelos eleitores é a busca pelo passe livre: “São causas que me parecem corretas e que eu acredito, além de cobrir as minhas necessidades, principalmente o passe livre, porque realmente ia me ajudar e muito, além de ajudar muitos estudantes tanto nas finanças como para permanecer na universidade”, comenta Maria Antônia Proença, também eleitora da chapa vencedora. Já entre os eleitores de chapas adversárias, a expectativa é por uma gestão mais focada em prioridades comuns a todos os estudantes: “Espero que eles foquem em pautas mais urgentes e realmente relevantes, que interessem a todos os alunos”, afirma uma eleitora da Chapa 3, que preferiu não ser identificada.

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