Alô, Gragoatá!

Como a falta de patrocínio na seleção brasileira de basquete pode afetar as categorias de base do esporte, como o Clube Central de Niterói

Após 8 anos, a seleção brasileira masculina de basquete garantiu vaga nas Olimpíadas de Paris, mesmo sem patrocinador master, após derrotar a seleção da Letônia em Riga, capital letã.

Por: Leticia Sá

Foto: FIBA

Desde que foi criada, a Confederação Brasileira de Basketball participou de 15 edições das Olimpíadas. Porém, após ficar de fora dos últimos Jogos Olímpicos, a seleção brasileira de basquetebol masculina conseguiu voltar à principal competição de esportes.

Diferentemente das outras grandes seleções olímpicas, o Brasil não possui um patrocinador master e conquistou a vaga olímpica com um baixíssimo investimento. A título de comparação, nos últimos 4 anos, o basquete brasileiro recebeu 18 milhões de reais, enquanto seu adversário da final do pré-olímpico, a Letônia, investiu 30 milhões de reais somente para realizar o pré-olímpico em Riga.

Por mais que a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) tenha um contrato com a Galera.bet, casa de apostas, ela não recebe dinheiro desde janeiro deste ano, confirma o Olhar Olímpico. Aliado a isso, desde 2017, a CBB está impedida de receber recursos públicos, pois está inadimplente com o governo federal, o que faz com que o seu atual presidente, Guy Peixoto, esteja pressionado a apoiar a equipe.

Uma grande seleção de basquete como o Brasil não ter um grande patrocínio interfere tanto no progresso do time, quanto na conquista do sonho de uma medalha olímpica. Entretanto, no Brasil, vários esportes não são tão prestigiados como o futebol, ou seja, as crianças não recebem apoio desde pequenas. Como disse Caio Bonfim, o medalhista olímpico da marcha atlética em Paris 2024, “o Brasil tem dois esportes: o futebol e o que está ganhando.” e, no momento, apesar de ter conquistado uma vaga para as Olimpíadas, o basquete aparentemente não se encaixa em nenhum desses dois na visão de alguns patrocinadores. 

Essa situação de falta de apoio no basquete não é diferente do que ocorre nas atléticas e em clubes menores e com menos visibilidade, como o Clube Central de Niterói. Fundado em 1920, o Clube Central é uma das instituições mais tradicionais da cidade e desempenha um papel crucial no incentivo à prática esportiva local. O clube oferece diversas modalidades esportivas, incluindo basquete e, assim como a seleção brasileira, enfrenta desafios financeiros para manter suas atividades e infraestrutura.

Rodrigo Lima, ex-jogador do Clube Central, relata que a falta de patrocinador na seleção afeta diretamente o desenvolvimento de projetos dentro dos clubes, como o próprio Central, que tem que se limitar para conseguir se manter dentro da fronteira financeira estipulada pelos pais, tendo em vista que não há patrocínio. Além disso, ele comenta que, devido à falta de patrocinador, os atletas do Clube Central não recebem salário e, muitas vezes, são obrigados a abandonarem o esporte para procurar um emprego. Por fim, ele cita que “o apoio ao esporte é fundamental para o desenvolvimento dos atletas e para a formação de novas gerações.”

Foto do atleta Rodrigo Lima jogando pelo Clube Central de Niterói

Além do Clube Central, as atléticas universitárias sofrem do mesmo problema, a falta de patrocínio. Perguntado sobre o assunto, Moreno Andrade, jogador de basquete da atlética de Comunicação Social da UFF, relatou que não ter um anunciante por trás afeta muito no dia a dia e nos treinamentos que, muitas vezes, não ocorrem por falta de treinador, que assim como Petrovic, treinador da seleção brasileira de basquete, não recebe nenhum salário.

Foto: divulgação Facebook Atlética de Artes e Comunicação Social UFF – AACS

Essa conexão entre a realidade dos clubes locais e as seleções nacionais evidencia a importância do investimento contínuo no esporte em todos os níveis. O exemplo do Clube Central de Niterói demonstra como a dedicação e a paixão pelo esporte podem superar obstáculos financeiros, algo que a seleção brasileira de basquete também prova ao conquistar uma vaga olímpica mesmo sem um patrocinador master.

Dessa maneira, a principal categoria da seleção brasileira de basquete não ter apoio de um patrocinador master, interfere diretamente nas categorias inferiores. Com isso, o basquete se torna um esporte desvalorizado no Brasil e, muitas vezes, desmotiva as crianças a tentarem entrar para a categoria mais alta do basquete brasileiro. Com isso, assim como ocorreu em diversos outros esportes, como o surfe e a ginástica artística, nasce a esperança de que as Olimpíadas de Paris 2024 tragam novos ares para o basquetebol brasileiro, tornando-o um produto rentável de se investir e praticar.

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