Alô, Gragoatá!

DCE e a volta de uma história de resistência

No dia 14 de novembro de 2023 foi comemorada oficialmente a reabertura da sede do Diretório Central dos Estudantes da UFF, abandonada desde 2019

Por Ana Clara Sant’Anna

Frente do prédio do Diretório Central dos Estudantes da UFF – Foto: Google Imagens

Paredes desgastadas e pichadas, janelas quebradas, cadeiras amontoadas em salas  abandonadas, umidade e mofo que infestavam o lugar, sujeira para todos os lados. Foi neste estado que a sede do DCE Fernando Santa Cruz, Diretório Central dos Estudantes da UFF, encontrou-se durante os últimos anos desde seu abandono em 2019. No entanto, após a luta de vários estudantes e mutirões realizados para limpeza e organização do local, as portas da sede foram abertas novamente. Durante os três anos nos quais o Diretório ficou abandonado, houve diversas invasões que dificultaram a preservação do local.

“A sede era meio que um desafio pra gente, porque era um prédio completamente abandonado. […] Tiveram vários arrombamentos na sede, roubaram os microondas, geladeiras, computadores, máquina de xerox e outras coisas que tinham lá dentro.”

Maria Luiza Barbosa Marques Coelho, diretora de estrutura e patrimônio do DCE e graduanda em história na UFF

Sala abandonada com cadeiras e estilhaços de vidro pelo chão da sede – Foto: Maria Luiza

O DCE Fernando Santa Cruz é conhecido por ser o maior da América Latina. O prédio possui cinco andares, contando com uma diversidade de espaços feitos originalmente para realizar eventos e servir como um local de uso acadêmico e cotidiano para a comunidade estudantil. Na história, o prédio teve um importante papel na luta e resistência de universitários durante os anos de opressão no período da ditadura militar, recebendo o nome de um dos estudantes mortos na época como homenagem. 

A partir de 2019, a sede do DCE, apesar de sua importância para o coletivo e peso histórico, ficou abandonada devido ao governo omisso e à gestão imprópria, agravados pela pandemia de COVID-19. Após uma eleição no ano de 2022, uma nova gestão assumiu, dando início a um caminho para a restauração da sede. Maria Luiza Coelho relata que “foi todo um processo pra gente conseguir fazer todas as vistorias necessárias pra reabrir. Aí a gente conseguiu a vistoria da parte estrutural, hidráulica e elétrica. Hoje em dia não tem mais risco de incêndio ou desabamento”.

Os mutirões foram o último estágio de um longo processo de restauração de quase um ano. Por meio de post na página do Instagram oficial do DCE, a gestão convidou alunos a se juntarem aos mutirões de limpeza e organização. “O primeiro dia foi muito… foi difícil, isso porque era muito, muito entulho! Eu nem sei como é que conseguimos tirar aquilo tudo num dia só. Era muita coisa quebrada, muita coisa de obra. Eles usavam como depósito a sede…”, comenta a diretora. 

Apesar das dificuldades, a UFF se posicionou e ajudou, por meio da reitoria da Superintendência de Operações e Manutenção (SOMA), enviando um grupo de trabalhadores terceirizados e materiais de limpeza. Maria Luiza contou que foi uma ajuda essencial, já que sem apoio, luvas e máscaras, seria impossível concluir a limpeza do lugar.

Limpeza com ajuda de trabalhadores – Foto: Maria Luiza

Atualmente, apenas o teatro permanece fora de uso devido problemas de instabilidade da infraestrutura e, para segurança de todos, não é indicada a utilização do espaço por enquanto. Além desta questão, a atual gestão ainda está em discussão sobre as pessoas em situação de rua que se estabeleceram na frente do prédio, entretanto, Maria Luiza Coelho esclarece que em nenhum momento a gestão concordou com o remanejamento forçado feito por oficiais do governo a pedido da Universidade alguns meses atrás. 

A sede já está aberta para uso, sendo apenas necessário preencher um formulário, disponível no perfil do DCE no Instagram, para marcar eventos como festas, ensaios e até mesmo o conhecido “isoporzinho”.

Para comemorar a abertura oficial da sede, a nova gestão organizou um evento comemorativo que ocorreu no último dia 14 de novembro (terça-feira) às 21h no prédio do DCE, na Av. Visconde do Rio Branco – São Domingos, Niterói – RJ

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