Por Maria Luiza Guimarães
A greve unificada de 2024, que pretendia reivindicar reajustes salariais para os funcionários de todos os segmentos e maior orçamento para a educação, começou em março e perdurou até o mês de julho, ocupando um semestre inteiro e prejudicando tanto os alunos que já frequentavam a universidade, quanto os ingressantes naquele período.
Foi o caso do aluno de História que ingressou em 2024.1, Miguel Martins. O estudante conta que a greve teve impactos significativos em seu processo de ingresso e no decorrer do 1° período.
Assim como Miguel, muitos alunos foram afetados no andamento de suas graduações com a paralisação de aulas, projetos e bolsas de extensão. Além da paralisação de serviços como o bandejão, que é fundamental para garantir a segurança alimentar dos alunos.

No final de abril deste ano, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFF (SINTUFF)aprovou um estado de greve em resposta ao descumprimento de acordos por parte do governo federal. Mais tarde, no dia 5 de maio, a Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (FASUBRA) teve uma reunião com o Ministério da Educação e convocou, por meio de redes sociais, uma paralisação nacional para que seus afiliados fossem às ruas demonstrar insatisfação.
No campus Gragoatá, essa paralisação de um dia foi refletida em serviços como a biblioteca e o bandejão, ocasionando na suspensão de aulas de diversos cursos.
O estado de greve em que a UFF se encontra não representa uma greve iminente, isto é, se as reivindicações dos técnicos administrativos forem ouvidas, algo que não ocorreu nas negociações do ano passado.
A coordenadora do DCE, que compõe a chapa “A UFF não se vende” eleita no fim do ano passado, Gabe Moreira, afirma: “[…] Eles têm construído algumas ações, têm feito assembleias, então é possível que o Sindicato durante esse processo, nos próximos meses, decida pela construção efetiva de uma greve. Mas também é possível que isso se dissolva, seja por atendimento das demandas, ou por outros processos […].”
Em situações como essa, informações falsas ou pela metade podem trazer dúvidas aos alunos e os levarem a não compreenderem a greve como um instrumento na reivindicação de direitos.
Segundo Gabe, as fake news têm o poder de coerção e pânico que podem construir processos de imobilismo, e se tornar uma ferramenta para fortalecer a construção de uma imagem negativa da luta dos trabalhadores.
Embora notícias tendenciosas não afetem diretamente a construção de uma greve — que se dá a partir da autonomia dos sindicatos — elas têm o papel importante na construção de narrativas. Por isso, a responsabilidade e ética na hora de noticiar essas mobilizações são fundamentais para que os estudantes as reconheçam como um mecanismo que os trabalhadores têm de reafirmar sua importância e lutar por seus direitos, a fim de manter a universidade viva e formando profissionais com conhecimento técnico e pensamento crítico.