Influenciada por diversas manifestações de espiritualidade e fé, a mostra propõe um olhar sensível sobre espiritualidade e tradições, mesmo fora dos espaços religiosos.
Por Sophia Leite
Inspirada nos livros, “Santo de Casa”, de Luiz Antonio Simas e “Santo Forte”, de Leandro Karnal, além de uma pesquisa intensa das manifestações culturais ligadas à religiosidade popular, “Santa Intimidade” não é uma exposição sobre santos, mas sim sobre festas, sobre as manifestações culturais que acontecem nas ruas.
A mostra é dividida em três setores entre festas, devoção e crenças, como conta o curador e cenógrafo da exposição Jorge Mendes, “No setor das festas, são comemorações que acontecem indiferente ao dia do Santo. Por exemplo, a Festa de Reis começa em dezembro e vai até 6 de janeiro. A Junina, então, nem se fala, porque começa em junho, julho e há até festas desses santos em agosto. O setor central vai falar das festas que acontecem independente do dia do Santo. No outro setor, da devoção, estão as festas que acontecem no dia do Santo, São Sebastião, São Jorge, Cosme e Damião. E na das crenças, são os santos, que muitas pessoas sequer conhecem a imagem, a iconografia, mas chamam por eles. São Longuinho, quando perde uma coisa, Santa Luzia, para curar os olhos, Santa Bárbara, em dia de tempestade, enfim, São Braz, pra tosse”.
A exposição é uma parceria do Museu Janete Costa de Arte Popular com a prefeitura e a Fundação de Arte de Niterói. Para Felipe Tauil, superintendente cultural da FAN, “A exposição se encaixa de forma orgânica e potente na missão cultural da fundação que é justamente a de valorizar e promover as expressões plurais da cultura brasileira, reconhecendo nas manifestações populares uma força vital de identidade, memória e criação. O sagrado sob o olhar da cultura popular, mostra e reafirma um Brasil que se reconhece em sua diversidade, que honra suas raízes e suas múltiplas formas de expressão”.
Para Hortência Guimarães, 66, professora e visitante da exposição, “Essa mostra nos convida a um mergulho profundo no universo do sagrado, revelando como a espiritualidade pode se manifestar nos gestos cotidianos, nas memórias, nos afetos e nas expressões mais íntimas do ser. Como educadora, acredito que espaços como esse são essenciais para ampliar nosso olhar, para além do saber acadêmico, em direção ao que é vivido, sentido e celebrado de forma única por cada pessoa. O sagrado, como vemos aqui, não é uma definição fixa: é experiência, é presença, é liberdade de ser e sentir”.
A exposição “Santa Intimidade” está aberta para visitação de terça a domingo, até o dia 29 de setembro, no Museu Janete Costa de Arte Popular.
